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Jornal Diário de Suzano - 14/12/2025
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Colunista

O Quereres

06 maio 2017 - 08h00

Sou fã de Caetano Veloso desde a minha juventude. Hoje sei que é o maior poeta-compositor brasileiro. Faz poemas nas suas letras, coisa rara. A sua obra é magnífica. Ainda que nem sempre concorde com tudo o que a pessoa diz, a sua arte é magnífica. Tenho vários livros com obras do Caetano. E queria aqui e agora partir de um dos seus trabalhos para provocar vocês, meus muito queridos leitores. Tomei um livro, “Letra só”, com 180 das suas letras até 2003, um trabalho esmerado de organização de Eucanaã Ferraz, da Editora Schwarcz (Cia das Letras). Pois é, fazia pouco tempo havia lido e ouvido a música “O Quereres”, do seu disco “Bruta Flor do Querer”, quando a ouvi na TV, na novela que iniciava, “A Força do Querer”. Todo aquele contraditório me assombrou. Vejam um pouco de mistura: “Onde queres revólver sou coqueiro, onde queres dinheiro sou paixão Onde queres descanso sou desejo, e onde sou só desejo queres não E onde não queres nada, nada falta, e onde voas bem alta eu sou o chão E onde pisas no chão minha alma salta, e ganha liberdade na amplidão Onde queres família sou maluco, e onde queres romântico, burguês Onde queres Leblon sou Pernambuco, e onde queres eunuco, garanhão E onde queres o sim e o não, talvez, onde vês eu não vislumbro razão Onde queres o lobo eu sou o irmão, e onde queres cowboy eu sou chinês Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor”. Isso é só um trecho deste longo poema. Pensava comigo sobre esse monte choque que seria a novela das nove na Televisão. Mas - como fingir? - o buraco é muito mais embaixo. É o Brasil! De agora! De sempre! Vejam mais desse poema: “Onde queres o lar, revolução, e onde queres bandido eu sou o herói Eu queria querer-te e amar o amor, construírmos dulcíssima prisão”. Esta semana temos a comemoração do Dia da Liberdade de Imprensa. Maravilha! Pouco se falou disso, mas como deixar de lembrar? Vivi a falta disso tudo. Não somos mais Venezuela, Nem deixar voltar ao que nela querem agora impor. Mas, claro, temos de ter, de manter, muita atenção. Os três Poderes Constitucionais e também os Poderosos dominam as manchetes. Mas não há que se esquecer do espaço do “Quarto Poder”, justamente a Imprensa, poderosa enquanto for livre na sua manifestação. Nem me venham lembrar agora da “imprensa marrom”, sei que a temos de muitas cores, azul, vermelha, como verde-amarela. Mas pensemos no contraditório nacional! Não falo da guerra civil no Rio de Janeiro. De há muito se finge que ela não é real por lá. Mas os brasileiros estão se dividindo mais e mais, de uma maneira aparentemente ingênua, como se não percebêssemos a forte manipulação ideológica, de uns quererem o bandido outros o herói. Caramba! Seria aqui é a Venezuela? O que queremos? Quem é o que e quem não é?

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