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Jornal Diário de Suzano - 14/12/2025
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Colunista

Poesia do Verão

21 janeiro 2017 - 07h00

Gosto do Verão. Uma estação de Luz! Ou por outra, gosto de todas as estações do ano. Não gosto do excesso, seja de calor ou seja de frio. Já vivi muito frio e muito calor e sei que devemos ficar atentos para não contribuirmos aos abusos do tempo... ou, serão nossos os abusos dos tempos de hoje?... Pensava nesta crônica, com a permanente vontade de contribuir, o mundo precisa disso, de mais doações. E ao lembrar que também tanto perdemos, continuadamente, veio-me a lembrança da poeta americana Elizabeth Bishop, que viveu no Brasil (e traduziu vários de nossos poetas), que, justamente, escrever algo sobre o “perder”. Fui procurar. Achei o poema “Uma Arte”: “A arte de perder não é nenhum mistério/ tantas coisas contém em si o acidente/ de perdê-las, que perder não é nada sério./ Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,/ a chave perdida, a hora gasta bestamente./ A arte de perder não é nenhum mistério./ Depois perca mais rápido, com mais critério:/ lugares, nomes, a escala subsequente/ da viagem não feita. Nada disso é sério./ Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero/ lembrar a perda de três casas excelentes./ A arte de perder não é nenhum mistério./ Perdi duas cidades lindas. Um império/ que era meu, dois rios, e mais um continente./ Tenho saudade deles. Mas não é nada sério./ Mesmo perder você (a voz, o ar etéreo, que eu amo)/ não muda nada. Pois é evidente/ que a arte de perder não chega a ser um mistério/ por muito que pareça (Escreve!) muito sério.” Mistério? Não gostamos. Fingimos não nos apercebermos que um dia ou outro perdemos. Quem nunca perdeu não viveu. Mas, também sabemos, mesmo fingindo não saber, que temos muito mais a ganhar sempre que nos damos. Estou preparando um livro de poesia, agora com a escrita já finalizada, sobre o viver. Será o “Paisagens - Passeios pela Vida”, a ser lançado, provavelmente neste primeiro semestre. Veremos. E esse livro, com poemas escritos, ou adequados, especialmente para ele, será meu quarto livro assim formalizado. Pois esse novo livro foi dividido nas estações climáticas do ano. Inicia-se pela Primavera, seguindo-se o Verão, Outono, Inverno e, novamente, a Primavera, que retorna, como sempre assim se faz a Vida. E a Poesia nos oferece o ensinamento, cada instante é sempre diverso. Talvez nos seja necessário um olhar diferente. Por isso, lhes trago um outro poema (“Dito”), do meu livro “Aprendiz de Encantamento”(2012): “quando escrevo o que altero?// num universo há tanto perpetrado/ onde a originalidade?// o que se move ante minha fala/ quando a digo?// a palavra apenas descreve o universo/ ou é recriado por ela?// ou apenas digo o que do meu olhar se esvai/ em busca de abrigo?”. Será que o meu, o nosso, ato altera o mundo, ou não?

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