Terra da Garoa

Estava caminhando com um garotinho dia desses numa rua da Cidade. E sem que me desse conta, começou uma garoa. Aquela chuvinha fina, de gotas fortes que achamos que não molham, mas que, de repente, nos apercebermos, estarmos totalmente molhados. Então disse, sem querer: - olha aí, a Terra da Garoa! O menino, filho de um amigo, me olhou e perguntou: - Terra do quê? - Da garoa! Respondi rapidamente. - O que é isso? - Só então me espantei. – Como? Você não sabe o que é garoa? - Não, não sei. Respondeu rápido. - Essa chuvinha de agora é a garoa. - Isso é chuvisco, ele me corrigiu rápido. Fui explicando para ele que “antigamente” São Paulo tinha muito dessa chuvinha, desse chuvisco, dessa garoa, durante o ano. Especialmente no outono e inverno. E isso, esse clima se estendia por toda a região hoje chamada “metropolitana”, das cidades em volta da Capital do Estado de São Paulo. Mas a garotada nada sabia dessa tal de “garoa”. E fiquei pensando o quanto mexemos no tempo! Quanto poluímos! Quanto nos prejudicamos, quanto ameaçamos o mundo com nossas atitudes descabidas, nossas condutas destruidoras. Acho que estava meio invocado com a laringite alérgica que peguei. Perdi a voz. E, somando a isso tudo, alcançamos uma secura do ar que chegava a cerca de 30% no Estado de São Paulo. Algo tão gritante quanto a secura do deserto de Sahara. Mas aqui, em São Paulo, agora, era resultado de muita poluição. Culpa nossa. Senti um calafrio. E a lembrança agradável do sorriso do Nelson Albissú, que há pouco perdemos. Ele, na sua voz grave, estaria comentando do quanto estamos desatentando para o mundo e para as pessoas que vivem no Planeta Terra. Muita saudade do querido amigo. Ele precisava ir e se foi. Ficamos nós com suas marcas sensíveis. Tive uma felicidade. Um belo presente do Nelson Albissú, amigo de tantos anos de Luz. Ele escreveu seu último texto para mim. Ele fez o Prefácio do meu próximo livro de poesias, que vai chamar-se: “Paisagens – Passeios pela Vida”, que, provavelmente, será lançado em março do ano de 2017, ao final do Verão, início do Outono. Quem saberá se com garoa ou não. Meu carinho, muito querido amigo, Nelson Albissú. Vamos para a última semana antes do Natal. Gosto dessa data amiga. Ela sempre foi e será sorridente para mim. Será que é porquê lembro bem e com alegria dos presentes de Natal da minha infância? Talvez. A chegada do Ano Novo, me traz um certo corte e uma certa satisfação. Ambas, ao mesmo tempo. Somos apenas Aprendizes da Vida, o Grande Arquiteto do Universo, sabe bem o que faz. Pois o Senhor, deixou-me na passagem do ano verdades que nem sempre entendemos bem. Num dia 31 de dezembro perdi meu pai. Num dia 2 de janeiro recebi meu filho. Tenho a agradecer essa garoa na nossa terra.