O Parque Ecológico do Tietê, concebido pelo arquiteto Ruy Ohtake, tem sua origem em 1974. Seu projeto foi premiado no IX Congresso Brasileiro de Arquitetura realizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil em 1976 e torna-se projeto governamental em 1977 acolhido pelo então governador Paulo Egydio.
Nas primeiras páginas do Projeto, o arquiteto Ruy Ohtake afirma que "os projetos de intervenção urbana, nas suas concepções gerais, devem ser antecedentes a diagnósticos e estudos de viabilidade econômico-financeiro" e, continua, dizendo que "respeitamos esses estudos [de viabilidade econômico-financeiro], mas acreditamos que devem servir muito mais para aprimorar e dimensionar as ideias fundamentais inicialmente colocadas". Assim, as cidades e Regiões Metropolitanas não devem ser um "remendo" feitas da somatória de pequenos projetos nem sempre articulados entre si.
Como se trata de uma intervenção urbanística de grande envergadura, com capacidade de integração dos vários municípios da zona Leste da Região Metropolitana, e que não se realizaria ao longo de um mandato qualquer que fosse o governador, o próprio Ruy Ohtake defendia a criação de um Conselho da Cidade, espécie de guardião e zelador do projeto para garantir-lhe a continuidade ao longo do tempo.
O Parque Ecológico do Tietê tem 67, 5 Km a Leste da capital, 46 Km de avenidas marginais já construídas ao longo dos Rios Tietê e Pinheiros em São Paulo e 18,5 Km a oeste da capital, abrangendo áreas dos municípios de Salesópolis, Biritiba-Mirim, Mogi das Cruzes, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba, Guarulhos, São Paulo, Osasco, Barueri, Carapicuiba e Santana de Parnaíba.
Um parque dessas dimensões cumpre várias funções, como por exemplo, controle de inundações, lazer, esporte e integração intermunicipal cicloviária. Especificamente sobre o lazer, a previsão era de, considerando somente a Zona Leste da Região Metropolitana, 33 núcleos, dos quais sete em São Paulo, cinco em Guarulhos, quatro em Itaquaquecetuba, um em Poá, quatro em Suzano, cinco em Mogi das Cruzes, três em Biritiba Mirim e quatro em Salesópolis, nos quais estarão distribuídos 67 campos de futebol e 129 quadras poliesportivas. Os campos de futebol cumpririam, neste caso, duplo papel, esporte e controle de inundações, uma vez que ficariam propositalmente em local de alagamento para a retenção de água nos períodos de chuva e enchentes.
Realizado, será o maior parque linear do mundo! No entanto, de sua concepção em 1974 até este ano de 2023, vimos finalizadas poucas etapas, com destaque para o trecho que vai da Barragem da Penha até o limite de Itaquaquecetuba. Em 2009, o governo do Estado previa finalizar o trecho de Itaquaquecetuba até Mogi das Cruzes até 2016. Já não se sabe ao certo se a segunda fase mantem-se ou se foi alterada para o trecho que se estende de Mogi das Cruzes até Salesópolis.
O fato é que a marcha é lenta, as várzeas do Tietê estão cada vez mais ocupadas, e ainda assim o projeto resiste como orientador da integração da Zona Leste a partir do percurso natural do Rio Tietê. É preciso que pensemos em formas de governança desse projeto, com o envolvimento e comprometimento do governo do Estado, das prefeituras, da sociedade civil e também das universidades que compõem o território desse trecho do Rio Tietê.



