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Jornal Diário de Suzano - 14/12/2025
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Coluna

Nem crianças nem adultos

04 fevereiro 2025 - 05h00

Triste cena para nossos olhos...
Crianças se reúnem no portão de um vizinho, certamente seus pais estão no interior da residência se preparando para ir ao trabalho, reúnem-se ali para juntos se dirigirem-se à escola que fica a poucos quarteirões daqui.
Nos conhecemos, afinal moramos aqui há muito tempo e, vimos essas crianças crescerem brincando na rua, sendo cuidadas por cada um de nós seus vizinhos, como se também fossemos responsáveis por eles.
Agora passam por nós e sequer nos olham ou cumprimentam, adolescentes cheios de verdade, não querem nossa opinião nem nossa interferência, não mais entendem que precisam de nossos cuidados como em outros tempos que éramos chamados de tios.
As roupas são da moda, os meninos, mal enxergamos seus rostos, podem nos observar, mas não mais conseguimos acompanhar seus olhares escondidos sob a pala dos bonés.
Parecem conversar alegremente escondidos num arbusto plantado na calçada, num tom de voz audível entre eles, que soam como murmúrios para nós.
De repente um cheiro irrompe tomando conta da rua, percebemos a nuvem de fumaça que começa a tomar conta do local onde se encontram, já mais soltos não se preocupam se estamos ali observando ou não, sugam a fumaça de um cigarro que corre de boca em boca.
Meninos e meninas que mal cresceram, nem alfabetizados podem dizer que estão, ainda falta trilhar mais alguns anos de bancos escolares para o diploma receberem, sabem assinar seus nomes e já tem um conhecimento básico de algumas matérias, mas sentem-se completos adultos, prontos para enfrentar a vida e suas vicissitudes.
Não nos sentimos à vontade para chamar a atenção, mostrar que agora seguem um caminho de pedras, que dificultará sua evolução, seu aprendizado, que perdem tempo e parte da vida enquanto sugam com prazer aquela fumaça maldita que abre espaço para outras drogas mais fortes.
Terminam aquele encontro matutino e seguem juntos para a escola, riem e falam alto, por vezes nos olham antes de dobrar a esquina, buscando ver se vamos tomar alguma medida repreensiva.
Logo em seguida, o cheiro ainda não se desfez no ar, seus pais saem, nos dirigem um bom dia com aceno de cabeça e seguem para seus trabalhos com tranquilidade.
Ficamos nos perguntando se não sentiram o cheiro que ainda toma conta da rua, mas nada falamos.
Após as aulas no período da tarde, voltam todos para aquela casa agora desprovida de um adulto, já que os pais saíram para trabalhar e só voltarão no final do dia, entram, fecham o portão com ruido estrondoso para toda vizinhança ouvir. No interior da casa e sentindo-se seguros, falam e riem muito alto, os cães latem querendo alertá-los do perigo, mas parece de nada adiantar, somente se dirigem às suas casas quando pouco tempo falta para os adultos retornarem...
À noite, num canto mais escuro da rua, meninas vestidas como adultas, mostrando busto e pernas se reúnem também para fumar, escorregando por esse caminho sem volta das drogas, são quase crianças ainda, o horário já era para estarem recolhidas em suas casas, mas parece que seus familiares não se dão conta do perigo que os cerca, dando tanta liberdade.
Quiçá enxerguem a realidade amarga desse caminho de drogas e liberdade sem responsabilidade e busquem alternativas mais saudáveis, pois, se por aí continuarem, suas vidas não serão as mesmas em pouco tempo...