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Jornal Diário de Suzano - 25/04/2024
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Coluna

Traição: como descobrir se alguém fala a verdade ou mente?

01 novembro 2017 - 05h00
Durante minhas pesquisas criminais, entrevistei centenas de marginais; alguns de alta periculosidade. Em programas de televisão, tive diversas oportunidades de fazer perguntas para suspeitos famosos e midiáticos, que, geralmente, negam, veemente, a prática criminosa a eles imputada. 
Aí surge uma pergunta intrigante: mas como descobrir se alguém está mentindo ou dizendo a verdade?
Existem diversas técnicas para se obter essa revelação. O ato de mentir é deveras complicado; o mentiroso quer fazer acreditar em acontecimento que não ocorreu. Para tentar amenizar o clima e dividir a "culpa", muitos imputam parcela da responsabilidade a outra pessoa. 
O contato com mentirosos contumazes me permitiu desenvolver conhecimento e habilidade em identificar a veracidade ou não dos fatos. Vou explicitar num caso real: um amigo advogado me relatou ter recebido cliente em seu escritório com uma dúvida atroz. 
O homem era casado há 15 anos e pela primeira vez, resolveu bisbilhotar no celular da esposa enquanto ela tomava banho. No primeiro contato do WhatsApp, leu troca de mensagens dela com a melhor amiga, colega da empresa onde trabalha. O diálogo dava a entender que sua esposa tinha caso amoroso com o chefe. O texto da mensagem era um tanto dúbio, como se falassem através de código. O marido a interpelou após ela sair do banho e ela negou de pés juntos a traição. 
O cliente queria saber se a esposa dizia a verdade ou estava mentindo descaradamente. O causídico pediu minha opinião:
"A resposta é simples, caro colega, não preciso saber o que ela disse, mas qual foi o comportamento dela diante de tal acusação".
O advogado respondeu: 
"O cliente contou direitinho sobre a postura da esposa. Ela se ajoelhou na frente dele e chorando copiosamente disse que jamais o trairia, pois ele era o homem de sua vida e pai de seus filhos".
"E aí, Lordello, a esposa disse a verdade ou não?"
Respondi secamente:
"Claro que traiu".
Intrigado, o advogado insistiu em saber como eu havia chegado a essa conclusão. Expliquei que se a mulher fosse realmente honesta, teria ficado revoltadíssima com o ato de desconfiança do marido ao mexer no seu celular e levantar suspeita absurda. Brigaria com ele e jamais se prostraria de joelhos tentando convencê-lo do contrário. O advogado concordou comigo e disse que também achara estranha a postura da esposa.