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Jornal Diário de Suzano - 13/12/2025
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Coluna

Motivo

19 julho 2025 - 05h00

Estava repensando os afazeres da nossa vida e lembrei de um poema amado da querida poeta Cecília Meireles. Esse texto de há muito me seduziu como postura profissional. Especialmente na minha atuação na Educação.
De fato, a Arte da poeta Cecilia Meireles me envolve faz tempo. Tenho vários livros de sua criação e sempre indiquei a meus alunos a sua construção como uma das mais racionais e fundamentada da Literatura Brasileira. Se não conhece vai dar uma passada de olhos. Se aprende muito com o que ela nos diz.
Aqui, especificamente, estou me referindo ao poema “Motivo”, muito citado por vários autores. E, desde já, vamos nos interrogando, você tem plena consciência dos seus motivos, de tudo o que o conduz avante? De tudo o que o move, de tudo o que o envolve no seu jeito de viver a vida, no seu jeito de exercer seus atos, especialmente os profissionais? Você tem plena noção de tudo o que o leva adiante, ou nem pensa nisso?
Nesse poema da Cecília não temos uma chamada extremada, demarcada. Somos como que convidados a seguirmos a frente para o que se nos apresenta na vida que vivemos. Vamos refletir o nosso tanto o quanto pudermos. Sem nenhum compromisso demarcador.
Como nos sentimos? Como queremos seguir? Como nos estruturamos? Temos consciência plena de tudo? Precisamos disso? Ou o que sentimos nos conduz mais e melhor? O que produzimos pelo nosso caminho, pela estrada em que seguimos, é fundamentado, ou vamos assumindo a nossa consciência pelo transcorrer do caminho que vamos fazendo?
Como também não lembrar de outro poeta, o querido espanhol Antonio Machado que nos disse seu tanto:
“caminhante não há caminho/ se faz o caminho ao andar”
O que Machado nos provoca com tal disposição? Vamos nos conscientizando do que fazermos ao fazê-lo? Vamos enfrentando a vida, passo a passo? Vamos assumindo a nossa vida ao vive-la? Então, todos os nossos propósitos de como queremos viver nosso caminho não tem garantia de se realizar? Vai ser mesmo no transcorrer que vamos assumindo mesmo todo o percurso? Então teremos de ir percebendo as alegrias e as tristezas ao longo da vida, ao longo do nosso caminho, esse que vamos construindo ao seguir do tempo?
Em quatro estrofes, Cecília Meireles vai nos provocando, igualmente. Vejamos a primeira estrofe:
“Eu canto porque o instante existe/ e a minha vida está completa./ Não sou alegre nem sou triste:/ sou poeta.”//
Será que todos somos poetas? Ou somos o que somos ao nos identificarmos passo a passo? Somos o que a vida, o caminho, nos permite? Ou tem mais? Vejamos outra estrofe:
“Irmão das coisas fugidias,/ não sinto gozo nem tormento./ Atravesso noites e dias/ no vento.”//
O fato é que temos de seguir em frente. Seguir nosso caminho.
“Se desmorono ou se edifico,/ se permaneço ou me desfaço,/ — não sei, não sei. Não sei se fico/ ou passo.”//
Será mesmo que todos temos plena consciência do nosso caminho? Será que nos apercebemos de tudo que nos fazem, de tudo o que fazemos? Já pensou nisso?
“Sei que canto. E a canção é tudo./ Tem sangue eterno a asa ritmada./ E um dia sei que estarei mudo:/ — mais nada.”
Será que sabemos mesmo que cantamos? que caminhamos? E será mesmo que nos damos conta de que um dia estaremos mudos, não seguiremos pela mesma estrada? Será que deixaremos a nossa marca por este caminho? E isso é preciso?