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Jornal Diário de Suzano - 14/12/2025
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Coluna

Os Japoneses em Suzano

24 junho 2023 - 05h00

A primeira vez em que passei por Suzano foi em 1957. Era bem garoto. Morávamos em Niterói e meu pai queria vir para São Paulo. Pensou em alugar ou comprar um sítio, uma chácara, aqui na Região. Circulamos de Mogi a Ferraz. Cidadezinhas pequenas. Lembro das charretes (taxis?), estacionadas atrás da Igreja, na rua Felício de Camargo. Não lembro de destaques na formação da população local. Muitos anos depois, em 1971, quando me casei com uma garota da Cidade, percebi a forte presença da população de origem japonesa. Anos depois, de volta ao Brasil, em 1977, nos estabelecemos em Suzano e facilmente fizemos com eles amizades. 
Estava tentando saber mais sobre a Cidade. Não havia livros que contassem isso. Comecei a anotar os dados que conseguia. As pesquisas aumentaram. Fui datilografando tudo, histórias pessoais, familiares, ou referências. Fui conhecendo gente e mais gente e fui me movimentando pela Região como por São Paulo. Isaac Grinberg, especialmente, me ajudou bastante, tinha dados, mesmo que sua principal preocupação fosse com respeito a Mogi das Cruzes. Com o tempo fui chegando a mais pontos. Ao publicar o primeiro livro com a história local, o “Suzano, Estrada Real”, h á quase trinta anos, pude dar um destaque as nossas imigrações, especialmente os portugueses, libaneses e, claro, japoneses. Nesse livro listei não só os primeiros nipônicos que chegaram aqui, mas também um tanto dos feitos, influências e marcos na cultura na nossa sociedade. Reuni sobre eles cinco capítulos, além de outros dados que se acrescentaram. Sem dúvida, os japoneses tem uma importância vital em Suzano, e isso tem de ser reconhecido, e, com certeza, tem de ser comemorado.
Os japoneses chegaram ao Brasil em 18 de Junho de 1908, e antes de desembarcar do navio Kazato Maru, um “haiku no meigo” (“nome de haikaista”) Shûhei Uetsuka (1876-1935) redigiu um poema, que dizia: “Karetaki o/ miagete tsukinu/ imisen”. O que representaria: “a nau imigrante/ chegando: vê-se lá no alto/ a cascata seca”. Mantendo a métrica 5, 7 e 5 sílabas, por verso. 
Em Suzano chegaram em 1921. Assim, também como deixar de lembrar de Kiyohei Yokoda. Marco-o aqui e agora. Ele é autor dos primeiros livros publicados sobre a nossa Cidade, os “Suzano”, volumes I, II e III, uma “seleção de poesias”, com fotos antigas do nosso espaço. Sim, foram escritos em japonês. Recebi de presente de uma filha dele, amiga querida, a colega Professora Harumi, já falecida. Consegui que um amigo iniciasse sua tradução, mas não pudemos levar adiante. Trago, um de seus poemas (1971), em dois versos:
“No mesmo sentido da vida/ às vezes indo no destino errado”.
Yokoda praticava também na tradição antiga, secular, do haikai de circular o poema ilustrado entre leitores e possíveis poetas a refazerem. Isso em Suzano. Ele avançou na expressão cultural.
Gente, tivemos a felicidade de ter mestres da preciosa cultura japonesa a brilhar por aqui. Orgulho!
Perdoem se é coisa de antigo, mas sinto saudades do grupo de dança japonesa o Bon-Odori.