Em um tempo de sofrimento, dor e escassez, o profeta Habacuque ora e, em sua oração, ele faz a seguinte afirmação: - "Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas; todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação". (Habacuque 3:17-18) Perplexo diante do que estava acontecendo e do que poderia acontecer com o seu povo, Habacuque escolheu viver com esperança em Deus. Sem ficar preso aos acontecimentos tristes, Habacuque faz em sua oração um memorial do cuidado de Deus sobre o povo, reafirmando a sua confiança Nele. A visão que ele tinha da glória de Deus enchia a sua alma de fé e esperança. Em tempos difíceis, mantenhamos viva e presente em nosso caminhar essa maravilhosa visão da glória de Deus. O Senhor que fez no passado, faz no presente, continuará fazendo no futuro, pois "Ele é o mesmo ontem, hoje, e eternamente". (Hebreus 13:8) Oremos, declarando essa glória! Muitas vezes nós olhamos para o quadro caótico diante de nós e ficamos contaminados pela desesperança. Seja uma crise pessoal, familiar, nacional, mundial, mantenhamos a esperança viva em Deus, para quem nada é impossível.
No tempo de Habacuque, o reino do Sul, Judá, estava prestes a ser invadido pelos caldeus, o que aconteceu de fato em 586 a.C. O pior estava por vir. As profecias já haviam sido dadas, e os sinais eram claros. Expressando a sua dor, Habacuque, especialmente no capítulo 3, faz uso de termos relacionados à agricultura, como a figueira, a parreira, a oliveira, comuns na região. Em um cerco por parte do inimigo haveria a tragédia da falta de alimento, pelo comprometimento de toda a agricultura e pecuária. No Israel antigo, a figueira era fonte de segurança e descanso. As pessoas podiam até morar sob as suas sombras. O fruto dela compunha, junto com a uva, a azeitona, a romã, o trigo, a cevada, o azeite e o mel, a base da alimentação dos hebreus. Doces e remédios eram feitos com o figo. Situação terrível seria a perda de tudo isso, e pior - a perda da liberdade, de seu chão, de sua terra, de sua casa, de sua família, de sua cultura, a perda da própria vida! É comum em tempos de adversidade, quando o sofrimento nos alcança, perguntarmos: "Por quê?"; "Até quando, Senhor?". Deus não se importa que perguntemos, desde que estejamos dispostos a ouvir a resposta dele. Podemos abrir o nosso coração para o Senhor em oração e falar. Mas, sobretudo, desejemos ouvir o que Ele tem a nos dizer.
Não somos diferentes de Habacuque. Muitas vezes as nossas orações são um misto de queixas e de afirmações de fé. Sofremos diante das injustiças, da corrupção moral e política, das guerras, diante das maldades e perversidades que existem no mundo. Mas, quando a nossa confiança está depositada em Deus, podemos estar certos de que hoje pode parecer o fim, mas ao amanhecer, com o surgimento de um novo dia, as esperanças se renovam, porque nós somos renovados pelo Senhor. Assim escreveu o rei Davi: "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã". (Salmo 30:5) Isso é o que acontece com aqueles que confiam em Deus. Há sempre o brilho de uma esperança na gota de uma lágrima, num abraço de acolhimento, num gesto de amor. Ao enfrentarmos situações difíceis pensemos no que Deus já fez e continua fazendo por nós, assim como fez Habacuque. Ele termina a oração fazendo referência à vitória concedida por Deus a Moisés na travessia do Mar Vermelho. Olhemos firmemente para Aquele que não perdeu o controle de nada. Isso nos ajuda a compreender o posicionamento final de Habacuque em sua oração - "todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação". Essa alegria e exultação são baseadas na confiança plena em Deus!




