Forças para recomeçar

Com muita tristeza temos acompanhado o que está acontecendo no Rio Grande do Sul. Cada um de uma forma ou outra procura dar a sua contribuição para minimizar tanto sofrimento. As mães gaúchas hoje estão chorando, sofrendo, olhando para o quadro desolador em que se encontram, sem conseguirem enxergar uma saída para o que estão vivendo. De uma hora para outra a vida delas mudou completamente. Elas perderam muitas coisas! Tudo se perdeu em um mar de água e lama. Essas mulheres com as suas famílias estão com o emocional e o físico abalados, sem saberem para onde ir diante do caos instalado. Mesmo com toda ajuda e o suporte que têm recebido por parte do governo, da sociedade civil organizada, de organizações internacionais, de voluntários, elas precisam de forças para recomeçar. Existem momentos em nossa vida que chegamos a pensar em entregar os pontos. Sentimos que não somos capazes de aguentar o sofrimento, sentimos medo, insegurança, impotência e até revolta. 
Quero hoje falar um pouco sobre uma mãe da Bíblia que passou por muitas perdas. Noemi havia perdido o marido e os filhos. Estava tão amargurada, de modo que a vida parecia ter perdido o sentido. Em um primeiro momento, ela se revoltou contra Deus por não entender o porquê de todo aquele sofrimento. "Se Deus me ama, por que está permitindo tudo isso?" Queremos respostas, explicações, para o sofrimento. Mas não as temos. E mesmo que tivéssemos uma resposta imediata não ficaríamos satisfeitos. O interior de Noemi estava dilacerado pela dor, sem vislumbrar qualquer perspectiva de futuro para ela. Ainda assim, ela pensou em suas noras, agora viúvas como ela. É muito fácil sermos absorvidos pelos nossos problemas, deixando de olhar para aqueles que estão ao nosso redor. O amor de Noemi não era egoísta. Quando teve que tomar decisões difíceis, não pensou em si mesma. Ela desejou o melhor para as suas noras, mesmo sendo ela a maior necessitada. Assim é o coração dos doadores - eles dão, quando mais precisam receber! 
A história de Noemi e Rute (sogra e nora), conforme narrada no livro de Rute, no Antigo Testamento, representa uma boa reflexão sobre os tempos difíceis da vida.
Quando tudo parece perdido, precisamos manter viva a nossa fé no Senhor, crendo que Ele nos ama e tem o melhor para nós, ainda que aquilo que estejamos vivendo pareça mostrar o contrário. Além de manter viva a nossa fé no Senhor, precisamos seguir em frente, recomeçar. O sofrimento não nos pode paralisar. Ainda que demore, o Senhor pode-nos dar um bom futuro. No capítulo 1:16-17, vemos Rute tomando a decisão de seguir em frente com Noemi, que decidira retornar a Belém. Rute fez votos de lealdade a ela, dispondo-se a enfrentar o desconhecido e o futuro com a sogra. Isso nos faz lembrar mais uma vez da lei da semeadura - colhemos o que plantamos. O relacionamento entre Noemi e Rute foi marcado por atitudes de amor e bondade. Quando entregamos o que há de melhor em nós, recebemos o que há de melhor de Deus e até das pessoas. Voltando para Belém as duas foram abençoadas, mesmo enfrentando dificuldades. No decorrer da história, vemos como Deus foi transformando aos poucos o amargo em doce na vida de Noemi. Não foi de uma hora para outra. Foi um processo! Ela já havia voltado para a sua terra, já estava entre o seu povo, mas continuava amargurada. Noemi havia mudado de lugar; todavia, a alma continuava abatida. As mudanças exteriores não mudam o nosso interior. Mas há cura para a alma abatida e amargurada. Em Rute 2:18, vemos que a alma de Noemi foi sendo curada através da amizade de sua nora. Rute teve bom êxito, trazendo suprimento para casa em uma época de escassez. Todos os dias, a volta de Rute para casa com suprimento e boas notícias enchia de alegria o coração de Noemi. Assim, ela foi-se levantando! Muito já se falou e escreveu sobre o efeito terapêutico da amizade, do acolhimento. Seja qual for a situação, o Senhor nos dá forças para recomeçar! Podemos e devemos recomeçar!