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Jornal Diário de Suzano - 14/12/2025
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Coluna

Teses para o sofrimento

01 setembro 2024 - 05h00

A dor faz parte da vida. Ninguém gosta de sofrer. Mas acontece de sermos atingidos pelo sofrimento, mesmo sendo tementes a Deus e íntegros. Jó era visto pelo próprio Deus como um homem justo e íntegro, mas não ficou livre do sofrimento. Os amigos de Jó, diante daquele quadro desolador, começaram a criar teses para justificar o sofrimento que o atingira. Melhor fariam se ficassem calados! Um dos amigos, Elifaz, usou o conhecimento que tinha para humilhar o amigo em dificuldade. A tese dele era: "Nós mesmos causamos o sofrimento". Se Jó estava naquela situação deplorável, algo ele havia feito para merecer isso. É verdade que muitas vezes somos os responsáveis por situações que causam sofrimento. A desobediência às leis do Senhor, às leis naturais ou mesmo sociais, pode trazer como consequência muito sofrimento. Outro amigo, Bildade, defendeu a tese de que "os justos vivem sempre em triunfo". Logo, se Jó estava sofrendo tanto, Deus o estava castigando por seus pecados. - "Será que Deus torceria a justiça? Será que o Todo-Poderoso faria o que não é direito? Decerto os seus filhos pecaram contra Deus, e ele os castigou como mereciam. Agora volte para Deus e ore ao Todo-Poderoso. Se você é mesmo puro e honesto, Deus virá logo ajudá-lo e lhe dará de novo o lar que você merece". (Jó 8:3-6) Bildade em sua teologia simplista e insensibilidade aumentava ainda mais o sofrimento de Jó. Não podemos afirmar que a morte dos filhos de Jó tenha sido em razão de seus pecados. Todavia, Bildade precisava justificar a morte deles e o sofrimento pelo qual Jó passava. Ele não conseguia aceitar que coisas ruins podem acontecer com pessoas boas. É verdadeiro que o pecado causa muitos estragos e sofrimentos em nossa vida. Contudo, é errado afirmar que todo sofrimento vem em decorrência de algum pecado. Talvez nos sentíssemos mais confortáveis se pudéssemos explicar o sofrimento. Mas não podemos. Sofremos por causa de doenças que nos atingem. Pode ser que algumas venham em razão da falta de cuidado com a nossa saúde, mas outras não. Uma pessoa pode se alimentar bem, praticar exercícios, manter o peso em ordem, não fumar, não beber, não se estressar, e mesmo assim ter um problema grave de saúde. Sofremos em razão do sistema injusto e cruel desse mundo, em que os recursos naturais e financeiros não são distribuídos de forma equânime. Que não sejamos nós os agentes das injustiças que vemos nesse mundo! Sofremos em decorrência das calamidades naturais e violências que nos atingem em todos os níveis. Sofremos também por causa do pecado que nós mesmos cometemos. E, nesse sentido, as consequências vêm por nossas más escolhas. E, se for esse o caso, precisamos nos arrepender, confessar o pecado a Deus, pedir o Seu perdão e, sustentados pela graça de Jesus, seguirmos em frente limpos. É importante estarmos sempre vigiando para não cairmos novamente, depois de termos experimentado o perdão de Deus. Os "amigos de Jó" não conseguiram permanecer em silêncio por muito tempo diante do sofrimento dele. Concluíram que Jó era o verdadeiro culpado por suas desgraças. Não fazemos nós muitas vezes a mesma coisa? Precisamos ter compaixão e empatia com aqueles que sofrem. Em João 9:1-3, os discípulos de Jesus diante de um cego de nascença fazem uma pergunta: - "Mestre, por que este homem nasceu cego? Foi por causa dos pecados dele ou por causa dos pecados dos pais dele? Jesus respondeu: - Ele é cego, sim, mas não por causa dos pecados dele nem por causa dos pecados dos pais dele. É cego para que o poder de Deus se mostre nele!" Os discípulos de Jesus tinham uma "teologia" para explicar o sofrimento. Mas nenhuma teologia humana ameniza o sofrimento. Jesus não se ateve a palavras e explicações tolas. De forma nada convencional, ele cuspiu no chão e fez uma pomada de cuspe e pó, passando-a nos olhos do cego. Em seguida mandou que ele se lavasse no tanque de Siloé. O homem foi, lavou o rosto, e começou a ver o movimento das águas. Não estava mais cego. Jesus se importou com a condição dele. Os amigos duvidaram dele, os fariseus pouco se importaram com a cura em si, mas sim com o fato de ela ter ocorrido em um sábado. Jesus se importa verdadeiramente com o nosso sofrimento!