Ontem, a Associação Cultural Opereta de Poá comemorou 21 anos de história. O grupo mantém em seu espaço atividades de teatro, música, uma biblioteca comunitária e oficinas (circo, teatro infanto-juvenil, italiano, dança de salão, entre outros), contribuindo para o desenvolvimento da cultura do Alto Tietê. Opereta é destaque no meio teatral com o espetáculo “Passos da Paixão”, que reúne em todos os anos, durante o período da Páscoa, centenas de pessoas para apresentar ao ar livre a história de Jesus Cristo para a população. Administrado por Marco Senna, o espaço cultural tem atendimento ao público, por meio do trabalho de três pessoas voluntárias que se revezam às segundas, quartas e sextas-feiras, das 13 às 19 horas. Confira abaixo entrevista completa com Senna:
DS - Haverá eventos especiais de comemoração aos 21 anos? Marco Senna - Já começamos o ano comemorando com a 16ª edição do Passos (da Paixão - peça). Todo evento ao longo do ano está sendo motivo para comemorarmos. Vamos dizer que em julho o evento mais especial foi a presença do historiador Célio Turino que, através do seu programa Cultura Viva, a Associação Cultural Opereta e outras centenas de instituições, foram contempladas como Pontos de Cultura do Brasil.
DS- Como você define esses 21 anos de luta da Opereta em Poá? Senna - Amargos e prazerosos. Fazer o que se gosta, no lugar onde você vive e querer ajudar a crescer, não tem preço. Não escolhemos os grandes centros, nossa opção foi por Poá, pelo Alto Tietê, e nunca nos arrependemos disso, mesmo sentindo na pele o desprezo do poder público, de algumas empresas e, por que não dizer, de algumas pessoas? O barco e a fila andam, com a cultura não é nada diferente. Parte de nós e de nossa história estagnam também, ou melhor, morrem. Mas tem as compensações quando oportunizamos para a comunidade o contato com as artes, ou fomentamos um olhar mais apurado com relação às políticas públicas. Instrumentalizar o outro para fazê-lo pensar e agir não da maneira que a sociedade quer, mas de uma maneira mais humanista. Isso não tem preço.
DS- Quais as maiores dificuldades e as principais alegrias que o grupo passou até aqui? Senna - Uma dificuldade que ainda nos permeia é a falta de uma sede fixa. Já utilizamos como espaço quase todas as entidades de Poá. Atualmente, estamos na antiga Biblioteca Municipal. Nosso contrato de comodato com a Prefeitura foi somente de dez anos e já estamos aqui há quase seis. Nos próximos dias, teremos uma conversa com o secretário de Cultura, Douglas Aspasio, e o prefeito Marcos Borges (PPS) para solicitar o espaço por um tempo maior. Quanto às alegrias, são inúmeras. A cada aplauso, abraço, sorriso ou comentário. Temos inúmeros exemplos de alunos que nunca tinham pensado em trabalhar com arte e, depois de fazerem cursos no Espaço Opereta, começaram a trabalhar em grupos e/ou espaços ou entraram em universidades para cursar arte. Há também os alunos que sempre comentam que se não fosse o curso ou o professor da Opereta, hoje, eles estariam com toda certeza envolvidos no mundo das drogas e do crime. Isso basta!
DS - Quantas pessoas fazem parte do Opereta? Senna - Na diretoria executiva e conselho deliberativo, são nove pessoas voluntárias. Temos os grupos associados e os professores voluntários que somam uma média de 25 a 30 pessoas. Os alunos giram em torno de 150 por mês e os apoiadores e parceiros não passam de 15. Já a comunidade e o público que prestigia os trabalhos da entidade, são milhares de pessoas.
DS - Ao seu ver, o que Opereta significa para Poá? Senna - Sem nenhum orgulho, significa manter viva a própria cultura do município com resistência, garra e atuação constantes.
DS- Neste ano a Opereta participou da Virada Cultural. Foi um dos momentos mais importantes para o grupo? E o que espera para este semestre? Senna - O Núcleo Teatral Opereta apresentou 'Opereta Canta Zumbi' na Virada Cultural. Foi mais um momento marcante da nossa história, principalmente porque cantar Zumbi na Cripta da Catedral da Sé, onde estão sepultados diversos bispos católicos, é muito contraditório àquele ambiente. O mais incrível é que o público que estava lá para nos assistir vibrou com a ousadia e, por que não dizer, com o talento dos atores e músicos da Opereta? Para o próximo semestre, teremos muitas outras atrações com grandes amigos e parceiros (Adriana Barja do Teatro D'Aldeia de S. José dos Campos, Wal Serra de S. Paulo, Contadores de Mentira de Suzano, Jabuticaqui de Mogi das Cruzes, entre outros).
DS - Quais são as novidades para os próximos meses? Senna - Inauguração da Biblioteca Comunitária Opereta, Encontro de Setembro com o Grupo Jabuticaqui, apresentações no Distrito de Luís Carlos (Guararema), apresentação do espetáculo “Geração Trianon” com alunos do Projeto Mãos à Obra, reuniões de produção do Passos da Paixão 2016 e entre outras coisas que iremos divulgar.
DS- Por fim, quais são os próximos planos? Senna - A intenção é sempre ampliar nossas ações para muito mais pessoas. É fazer chegar a arte a todos, sem qualquer tipo de discriminação. E, para isso, os recursos financeiros são necessários para contratar professores, adquirir material, fazer uma melhor divulgação, entre outros gastos. Nossa necessidade emergencial é conseguir recursos também para uma pequena reforma e manutenção do prédio.