Na segunda quinzena de julho, tomou posse a nova Diretoria paulista da Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente (Anamma). A Anamma foi fundada em 1988 com o objetivo de fortalecer o tema ambiental nos municípios.
A, cerimônia, que ocorreu em Suzano, contou com muita gente de prestígio. Segundo informações veiculadas na imprensa estavam presentes, dentre outros, Solange Wuo, diretora de Fiscalização e Controle Ambiental de Suzano; André Chiang, secretário do Meio Ambiente de Suzano; Carlos Oliveira, assessor da deputada estadual Marina Helou; o ambientalista Mario Mantovani, Diretor Institucional da Anamma Nacional.
A solenidade, com entrega de certificado ao município de Suzano pela defesa da agenda ambiental municipalista e outros salamaleques, foi feita no Viveiro Municipal Tomoe Uemura, um puxadinho do Parque Municipal Max Feffer.
Para chegar a Suzano por via rodoviária, os convidados têm algumas alternativas: podem vir pelo bairro do Miguel Badra e atravessar a parte Norte da Cidade; pelo ABC Paulista ou Santos, atravessando a parte Sul da Cidade; por Mogi das Cruzes; ou por Poá. Nos quatro casos é possível ver a olhos nus o descaso ambiental. Talvez o mais gritante seja pelo Miguel Badra, de onde se observa parte da várzea do Tietê, área de alagamento e drenagem natural como toda várzea. Nesse mesmo território, existe um aterro de material inerte que a passos largos tem ocupado o espaço da várzea. Essa é apenas uma das mazelas.
A foto aérea do Parque Max Feffer (local da solenidade) indica arborização precária e mal planejada, tal como a da cidade. Aliás, cortes e podas mal feitas são marcas das últimas gestões.
Talvez não caiba aos anfitriões análise crítica do ambiente local, ainda mais precedendo o recebimento de uma honraria. Talvez os visitantes achem deselegante ou precipitado passar suas impressões sobre o desastre ambiental em Suzano em meio à solenidade que reconhece méritos exatamente na gestão ambiental.
De qualquer modo, frente a tantas autoridades municipais e ambientalistas históricos seja interessante a construção de uma agenda positiva que transpassa o município. Nesse sentido, eis duas sugestões:
- Rever o funcionamento do aterro de material inerte. Ainda que tenha eventual laudo técnico autorizativo, os estudiosos do Direito sabem que nem sempre legalidade e justiça andam de mãos dadas. Nesse caso do aterro de material inerte na várzea do Tietê, se não houver crime ambiental, há pelo menos injustiça ambiental. É assunto que merece atenção do Ministério Público, da Assembleia Legislativa e também da própria Anamma, como articuladora dos municípios em causas ambientais.
- Propor aos Prefeitos do Alto Tietê-Cabeceiras a retomada do "Parque Ecológico do Tietê". Trata-se de um parque proposto em 1977 pelo arquiteto Ruy Ohtake (1938-2021) e acolhido pelo governador Paulo Egydio que abarca 12 municípios, desde Santana do Parnaíba até Salesópolis, com 140Km² (120 vezes o Parque do Ibirapuera). Se efetivado, será o maior parque linear do mundo, garantindo pelo menos preservação ambiental, adaptação das cidades à mudança climática, recreação, lazer, renda, educação ambiental. Que a Anamma abrace essas duas ideias e que todas as autoridades presentes na solenidade em Suzano abracem-nas também.



