Fernando Barreto, Jornalista e Pós-graduando em Política e Relações Internacionais, compartilha sua visão sobre os termos da atualidade em sua coluna dominical. Acompanhe de perto suas análises nas redes sociais: @fernandobarretojorUm dos temas mais importantes e interessantes dentro das Relações Internacionais é estudar como cada Estado se projeta no cenário político mundial.
No nosso caso, o estudo gira em torno de como o Brasil busca ser visto.
Imaginemos um jogo de tabuleiro, cada Estado é uma peça, com cor, bandeira e, principalmente, tamanho. Nesse jogo, essas peças vão buscar contato com os demais jogadores. Alguns deles possuem mais força, econômica e militar e por conta disso conseguem influenciar e mexer com a política mundial de acordo com seus interesses.
Uma outra forma de ganhar notoriedade internacional, além de possuir força econômica e militar, é se projetando com a presença e participação. Às vezes a peça do jogo não é tão grande, mas consegue estar nos diferentes cantos do tabuleiro, participando, opinando e auxiliando outros Estados.
E é dessa maneira que o Brasil busca sua projeção.
Claro que tudo tem seu interesse. Em Relações Internacionais não há “bom samaritano”. A linha que permeia a história da política externa brasileira gira em torno da busca pelo desenvolvimento.
Foi assim sempre. Primeiro, uma visão mais americanizada. Acreditava-se que, pela proximidade, o que era bom para os Estados Unidos, era bom para o Brasil.
Depois, após a Segunda Guerra Mundial, uma nova corrente de pensamento passa a permear entre aqueles que definem a política externa brasileira: o globalismo.
Talvez o leitor já tenha ouvido esse termo vindo de políticos de direita.
Porém, mesmo que palavras iguais, aqui, o sentido é outro. O Globalismo defendido e até hoje seguido pelo Itamaraty visa a construção de um mundo mais amplo.
Voltando às peças de tabuleiro, o Brasil busca olhar o jogo todo e ajudar outras peças a se tornarem maiores. A diplomacia brasileira vê a participação cada vez maior de outros Estados benéfico para nós, pois conseguiríamos também nos desenvolver a partir disso.
O Sul-global, termo que remete aos países em desenvolvimento, onde o Brasil está inserido, geralmente tem uma visão mais Globalista do cenário político.
E como a COP30 se projeta nessa história? Bom, primeiro que o Brasil foi sede, só por isso o destaque surge automaticamente para nós. Segundo que o Brasil vê na construção de políticas mundiais para o meio ambiente uma forma de se projetar internacionalmente e construir uma imagem maior.
Se analisarmos o discurso do Lula na abertura da COP30, é possível observar sinais que levam a esse globalismo, sempre projetando a defesa dos países mais vulneráveis e pensando em como isso ajuda o Brasil a se desenvolver.
Inserção internacional é um dos temas mais fascinantes das Relações Internacionais. Comparar a política externa de cada país e ver suas diferenças nos permite olhar diferente para qualquer fala, atitude ou decisão de um chefe de Estado.
O Brasil desvirtuou do globalismo nos anos Bolsonaro. Sob governo dele, o Itamaraty voltou a olhar para os Estados Unidos como centro único de poder.
Mas convenhamos que ser feito de “gato-sapato”, seja por qualquer país, não é o que queremos.
O Brasil seguirá olhando o tabuleiro e ajudando as peças menores a se projetarem. Isso é visto como uma forma de contribuir com nosso próprio desenvolvimento.
Leitor, venho informar também que na semana que vem não haverá Mundo em Foco. Estarei de férias entre os dias 8 e 14 de dezembro. A coluna volta normalmente no dia 21. Um abraço.



