MUNDO EM FOCO todos os domingosNa segunda-feira passada o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu na Casa Branca o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e após reunião os dois discursaram à imprensa e anunciaram uma proposta para cessar-fogo em Gaza.
A proposta norte-americana prevê um cessar-fogo, a libertação em 72 horas dos reféns mantidos pelo Hamas, o desarmamento do movimento islâmico que governa Gaza desde 2007, a retirada gradual do exército israelense, o envio de uma força internacional e o estabelecimento de uma autoridade de transição.
O presidente dos Estados Unidos deu ao Hamas até as 18 horas (19 horas, no horário de Brasília) deste domingo (5) para chegar a um acordo sobre seu plano para o futuro de Gaza.
Na sexta-feira o Hamas disse que concordaria com alguns dos termos do plano. O Hamas não disse se concordaria em se desarmar e desmilitarizar Gaza -- algo que Israel e os EUA querem, mas que o Hamas já rejeitou anteriormente. Mas fato é que uma solução para o conflito se aproxima, depois de dois anos dos ataques iniciais.
Mas o que está por trás desse desejo de Trump em “solucionar”.
Para quem não se lembra, em fevereiro deste ano, pouco tempo após tomar posse, Trump falou que “os palestinos de lá (Faixa de Gaza) não tinham alternativa a não ser abandonar a faixa costeira”.
Trump está longe de querer uma solução apenas, ele busca mais poder, algo que vem se deteriorando nos últimos anos em relação aos Estados Unidos.
Para quem acompanha a coluna toda semana, sabe que debato aqui a força internacional que os Estados Unidos perderam nas últimas décadas.
Uma breve recapitulação, após o fim da Guerra Fria, o mundo iniciou um período de hegemonia americana, com os Estados Unidos ditando os caminhos da economia e geopolítica.
Com a ascensão da China e consequentemente um páreo à hegemonia americana, os Estados Unidos vem tentando mudar o cenário global.
O problema é que a China, diferente do que foi a União Soviética, tem muito mais poder de investimento e usa isso para atrair Estados para o seu lado, principalmente aqueles do conhecido Sul-Global.
Para recuperar sua força internacional, Trump vem tentando alterar os atuais cenários de guerras, tentando se colocando como um player ainda forte nesse jogo de tabuleiro.
Em Relações Internacionais, há algumas teorias que buscam explicar o mundo em que vivemos. A Realista descreve que a geopolítica é um ambiente de caos e disputas. Os Estados soberanos estão sempre em conflito.
Joseph Nye, um dos principais pensadores de Relações Internacionais, é especialista no conceito de “poder”.
Em suas obras ele trata do assunto trazendo significados e como mensurar o nível de poder de um Estado.
Não entrando em detalhes, somente no essencial, Nye descreve que um desses poderes é o “soft power”, ou poder suave em português.
Para Nye, o poder suave é como um Estado consegue influenciar, sem uso da força, outros Estados.
E é isso que está por trás da ajuda proposta por Trump. Sinceramente, não acredito que ele realmente esteja preocupado em resolver a guerra. Não está. O que ele quer é retomar o poder de influência e militar dos Estados Unidos diante de um cenário global em transformação. Veremos os efeitos que isso trará para eles.




