sexta 05 de dezembro de 2025Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 04/12/2025
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

EUA vs. China e a nova ordem mundial

07 setembro 2025 - 08h00
MUNDO EM FOCO por Fernando Barreto todos os domingos. 

Chega a ser assustador, eu concordo, quando dizem: a nova ordem mundial. Quem seria o monstro que vagaria por aí à noite, a espreitar quem esteja desprevenido? Mas calma, não é isso o que parece. Um dos principais estudos dentro das Relações Internacionais é exatamente este: ordens globais de liderança.


No artigo de hoje procuro exemplificar um pouco sobre isso, pois foi tema em fala do presidente chinês, Xi Jinping, em eventos que reuniram líderes asiáticos. Na terça-feira, os líderes Xi Jinping (chinês), Narendra Modi (indiano) e Vladimir Putin (russo) se reuniram para a cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês). Mais para o fim dessa semana, esses e outros líderes se reuniram em Pequim onde Xi Jinping apresentou novos armamentos bélicos do exército chinês, em demonstração de força ao Ocidente e reforçou a “tal nova ordem global”.


Em ambas as reuniões, mas principalmente no encontro da Organização para Cooperação de Xangai, uma cena chamou muito a atenção: Xi, Modi e Putin em roda, conversando amigavelmente, com direito a risadas e caminhar de mãos dadas. Principalmente a China e a Índia que não são próximos, inclusive com grandes conflitos na fronteira ao longo da história.


Porém, a cena não foi despretensiosa e sim proposital, para ser registrada pelos jornalistas presentes. A mensagem é: o mundo está mudando e com ele nós também iremos dividir o centro do poderio mundial.


No assunto Relações Internacionais, poder é o ponto central. O poder dos Estados. Quem é mais forte? Quem influencia mais? Quem dita as regras do jogo político internacional? 


Pelo menos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, mas principalmente após a Guerra Fria em 1991, os Estados Unidos são o único centro de poder mundial. Dá-se o nome de unipolaridade, em referência a um único polo de influência. 


Mas esse cenário geopolítico tem mudado, e caminha para se tornar bipolar, com duas potências liderando em força e influência: EUA e China. Especialistas apontam que futuramente podemos ter um cenário político internacional multipolar, com três ou mais lideranças globais. É exatamente isso que a China defendeu nos dois encontros nesta semana.


“Uma Iniciativa de Governança Global ‘a todos os países’, visando ‘promover a construção de um sistema mais justo e racional’, disse Xi Jinping na SCO.


Tudo indica que a hegemonia americana não será mais única. Não digo que os Estados Unidos irão empobrecer, mas vão perder força e influência. O dólar por exemplo, usado como moeda em transações internacionais desde os acordos de Bretton Woods em 1944, hoje pode estar com os dias contados. O Brics defende uma nova moeda para trocas e negócios entre seus membros. Engana-se quem pensa que o mundo seguirá como foi nos anos 1990. Não será. 


E a nova ordem mundial diz respeito a isso. A multipolaridade caminha para se tornar o novo mundo. Não é um bicho papão, mas sim o fim de um único país hegemônico à frente das decisões mundiais. E será inédito, nunca antes tivemos multipolaridade. Caberá, por exemplo, ao Brasil, mas também aos Estados do Sul-global, acharem meios de “ganharem” um pouco com cada polo de influência.


Claro que há incertezas de como é um mundo multipolar. Um dos temas mais importantes é a segurança. Será mais seguro a uni ou a bipolaridade? Mas fato é que no atual cenário, a China difere muito de qualquer outra potência. Ela se posiciona como um grande comprador e investidor global, com a criação de bancos de desenvolvimento e investimento direto em obras estrangeiras. Isso é algo que os Estados Unidos nunca fizeram para os países do Sul-global.