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Jornal Diário de Suzano - 04/12/2025
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Coluna

Por que Lula viaja tanto?

Fernando Barreto, jornalista e pós-graduando em Política e Relações Internacionais, compartilha sua visão sobre os temas da atualidade em sua coluna dominical. Siga-o nas redes sociais para acompanhar de perto suas análises: Instagram: @fernandobarre

26 outubro 2025 - 08h00
MUNDO EM FOCO, todos os domingos.

O presidente do Brasil, Lula, está desde o início da semana no Sudeste asiático, especificamente na Indonésia, e, neste fim de semana, na Malásia, para o encontro da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático).


Desde o início deste mandato o presidente tem declarado abertamente que está procurando reconstruir o status que o Brasil tem internacionalmente.


Vi muitos comentários sobre isso: “Por que ele viaja tanto?”; “Ele só vive passeando por aí”. É engraçado de ouvir.


A resposta simples e direta seria: o mundo é globalizado, há a necessidade de procurar parceiros comerciais em todos os cantos do globo.


Mas vou buscar exemplificar melhor a questão.


É compreensível ver quem questiona, mas é sempre bom relembrar que as viagens não acontecem por acaso, Lula ou qualquer que fosse o presidente em exercício, iria, porque é um convite formal feito a um chefe de Estado de uma das potências mais importantes do mundo.


O Brasil tem um status lá fora muito importante. Não a toa que em toda Assembleia Geral da ONU somos nós que abrimos os discursos. Não é por acaso, é conquista de um legado.


Quando Lula disse que iria reconstruir as relações do Brasil com outros países, o objetivo era resgatar o que havia se perdido.


O Brasil já não tinha o mesmo status, era mal visto muitas vezes e parcerias econômicas, como a de preservação ambiental, haviam sido suspensas.


O presidente colocou como missão buscar mais diálogo e recolocar o Brasil no cenário da geopolítica. Isso é muito importante para qualquer nação. 


Há alguns textos atrás eu falei sobre “poder” dentro das Relações Internacionais. 


O Brasil tem muito poder aqui na América Latina, é um país que lidera os demais. Assim como os Estados Unidos estão para o Ocidente, o Brasil está para a América do Sul: maior economia, maior população, maior poder de compra.


Se o Brasil quer retomar o patamar já atingido em economia global, precisa resgatar o diálogo internacional
Se não fosse pelo diálogo, talvez o tarifaço de Trump estaria sendo muito mais sentido em nossa economia.
Além disso tudo que falei, a viagem específica desta semana, para Indonésia e Malásia, é importante no sentido de se colocar ao lado de quem provavelmente estará no topo da economia mundial em algumas décadas.
Fala-se muito da China, que sim, é a maior potência hoje da Ásia, mas Indonésia, Malásia, Singapura, são países muito ricos e que vem em ascensão nos últimos anos.


O Brasil estar dialogando com esses países é bom para nós. Com a globalização cada vez mais enraizada, os Estados estão mais interdependentes, ou seja, precisam de um ao outro para a produção de um produto.
Hoje, um carro produzido nos Estados Unidos, por exemplo, passa pela fronteira com o México mais de cinco vezes antes de ser comercializado em solo americano.


O Brasil, parte do Brics, se coloca como um dos países com maior economia na América do Sul e assim pode ter sua alavanca social engatilhada com essas parcerias.


Portanto, volto a repetir, é compreensível questionar as viagens do presidente, mas é preciso repensar sobre as razões, que são muitas e necessárias. 


O Brasil tem um status internacional notório e de prestígio que precisa ser fomentado.