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Jornal Diário de Suzano - 04/12/2025
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Coluna

Solução para a guerra no Oriente Médio

31 agosto 2025 - 08h00

A cada semana surge um novo capítulo na guerra entre Israel e Hamas. O cerco que Israel tem feito à Faixa de Gaza com o objetivo, segundo eles, de acabar com o grupo terrorista, parece na verdade que, cada vez mais, querem empurrar a população civil, que nada tem a ver com o conflito, para o mar, a única saída existente.

O conflito na região vem de décadas. A ONU, por meio do “Plano dos Dois Estados” para a Palestina, propôs dividir o território em dois países, um árabe e um judeu, e o projeto foi aprovado em novembro de 1947, mas nunca praticado. 

Infelizmente, nós como seres humanos ficamos cegos por causa de ideologias. Em uma guerra não há vencedores, só observar os confrontos na Europa. 

Próxima de completar dois anos, o mais recente capítulo do conflito segue sem perspectivas de acabar. A ONU defende ainda o Plano de Dois Estados. 

Fato é que o conflito extrapolou os limites aceitáveis. Quem recorrer aos principais jornais do mundo, como The New York Times ou Washington Post, verá fotos devastadoras de Gaza. 

E Israel não tem parado. Nesta semana fez novo ataque a um hospital deixando pelo menos 15 mortos, incluindo um socorrista e quatro jornalistas.

Hussam al-Masri, repórter de imagem contratado pela Reuters, foi um dos jornalistas mortos no ataque inicial. A transmissão da Reuters a partir do hospital, operada por Masri, foi subitamente interrompida.

Um dado alarmante que denuncia a situação, e mostra o colapso que virou a guerra, vem da própria Inteligência de Israel, que foram noticiadas pelo jornal britânico The Guardian. Segundo informações do governo israelense, que foram compartilhadas por fonte anônima, 83% das pessoas que morreram na guerra até maio deste ano eram civis. Apenas 17% deles eram do Hamas ou Jihad Islâmica.

É simplesmente assustador os dados. E a guerra terá reflexos no encontro da Assembleia Geral da ONU no mês que vem. França, Canadá, Reino Unido e Austrália, e talvez Portugal, vão anunciar o reconhecimento do Estado palestino na Assembleia. Atualmente, 146 países e territórios da ONU já reconheceram - Brasil está incluído na lista.

Minha avaliação é de que a decisão desses países é de demonstrar a calamidade que virou a guerra, mas também é iniciar uma pressão externa para por em prática o acordo dos Dois Estados. Vejamos, três desses países integram o G7 e dois são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Analiso que a ideia é pressionar uma solução, na “base da pressão”.

Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, tem ignorado a população do seu próprio país, que tomou as ruas nas últimas semanas reivindicando um cessar-fogo. Os manifestantes fecharam rodovias, realizaram marchas, fizeram discursos em Tel Aviv e protestaram do lado de fora do gabinete do primeiro-ministro. Mas não obtiveram resultados.

Enquanto o cessar-fogo não acontecer, Netanyahu se beneficiará, mesmo com pressão interna, pois se perpetuará no cargo. Cabe aos Estados-nação, principalmente aqueles dentro do Conselho de Segurança, iniciarem pressão para impor ou o Acordo de Dois Estados ou outra solução. 

Não será fácil, porque os dois lados não possuem mais intenção de fazer acordo. Israel nunca aceitou o reconhecimento da Palestina como Estado e nem a Palestina aceitou os judeus quando retornaram para lá na metade do século passado. Mas ainda sim, alguns projetos para solução do conflito foram acordados ao longo do tempo, sem serem colocados em prática. Hoje, o caminho para isso é mais complicado.

A conclusão não será fácil, mas enquanto como sociedade nos mantivermos cegos por causa de ideologias, estaremos fadados a mais guerras ao longo da história.