Permitam-me dividir com vocês algumas das minhas impressões, sensações, compreensões, que ganhei ao correr da minha vida, nesses meus 79 aninhos.
Gente, tive uns tantos privilégios, sei que não sou nenhuma elite. Mas sei bem que vivi uns tantos momentos especiais pelo correr da minha trajetória.
Lá pelo início dos anos de 1960 já iniciava meus tantos versos. Ainda bem rígidos, com métrica marcada. Até que, com a felicidade do apoio do poeta Mario Quintana, em Porto Alegre, que nos recebia enquanto estudantes e orientava, pude aperfeiçoar minha pretensa arte. Eu queria aprender a poesia de verso livre, mas tinha medo de trocar a poesia pela prosa. Tinha muito cuidado. Mas fui avançando. Cheguei lá.
E foi nessa época, em 1965, que pude assistir, ainda em Porto Alegre, a peça de teatro musical, “Opinião”, quando a Maria Bethânia estreia, substituindo a Nara Leão. Foi impactante na época. Eu e ela tínhamos nossos 18 aninhos.
Depois, em São Paulo, para onde vim com minha família, residindo em Pinheiros, fui estudar Direito na PUC-SP, conhecida então como “Católica”. Acabei dirigindo o Centro Acadêmico “XXII de Agosto” em 1968 e participei de muitos eventos com apoio de artistas. Encontrava e conversava muito com Chico Buarque e o MPB4. A Família dele morava numa avenida, vinda do Pacaembu, antes de chegar ao Hospital das Clínicas. Sempre que podia eu ia assistir shows e conversava também com Caetano Veloso e Gilberto Gil, na TV Record, na rua da Consolação. Ali também o Roberto Carlos, com aqueles seus carros fantásticos, nos recebia fácil. Era gente bem acessível naqueles tempos. Muitos deles apoiavam o movimento estudantil bem ativo.
Não havia isso de “selfies”, com fotos juntos, nem celular havia.
Uns anos depois, vivendo no Rio de Janeiro, pude assistir alguns espetáculos de gente da Bossa Nova e daqueles há mais tempo na minha vida pessoal. Algumas vezes conseguia conversar com uns tantos, outras já se tornaram bem difíceis. Depois da nossa temporada lá fora, conseguia conversar com gente diferente também. Sempre que podia, no Rio, encontrava com Darcy Ribeiro, um Mestre muito especial de Antropologia que abriu enormes caminhos para a Educação Pública, que tantos hoje nem sabem. E mais outros tantos gênios que foram me surgindo pela vida.
E nesse domingo, assistindo pela televisão o belíssimo espetáculo de Caetano Veloso e sua amada irmã Maria Bethânia, um show de cerca de duas horas, não pude deixar de rememorar tanto do que já havia vivido no século passado. Um espetáculo impressionante, num estádio lotado de milhares de pessoas. Ao que sei repetiu-se por sete capitais no Brasil. Eles me trouxeram também de volta muitas das canções lá dos tempos do meu antigamente. Fui revivendo Momentos lindos.
Particularmente, depois de Gil e outros novos Acadêmicos na ABL, não entendo porquê não chamaram Caetano para Ingressar lá como Imortal. Pelos meus estudos, Caetano Veloso é um sábio construtor da Poesia, passando por áreas imensas e com magistral qualidade, em música e livros. Talvez até ele não o queira, mas ampliaria nossa obra da Arte Literária. Avante!



