O suíço Joseph Blatter, de 79 anos, foi reeleito ontem para seu quinto mandato à frente da principal entidade do futebol mundial, a Federação Internacional de Futebol (Fifa). Nem mesmo as recentes denúncias de corrupção envolvendo alguns dos principais dirigentes da federação foram capazes de alterar os rumos da eleição. A votação foi para o segundo turno, mas o concorrente, o príncipe jordaniano Ali bin Al Hussein, de 39 anos, desistiu da candidatura. O evento ainda foi marcado por uma ameaça de bomba, descartada pelas autoridades momentos depois. Na primeira rodada, Blatter obteve 133 votos e Al Hussein conseguiu 73. Por seis votos a menos do que o mínimo necessário para vencer a eleição em um única rodada, o suíço Joseph Blatter, 79 anos, teria que disputar um segundo turno com o príncipe jordaniano, que acabou desistindo. Um segundo turno não ocorria desde 1974. "Tomo a responsabilidade de voltar a botar a Fifa no caminho", disse Blatter, após ser reeleito. "Precisamos de maior representatividade das federações, de mulheres, precisamos que suas vozes repercutam na Fifa", acrescentou. Fizeram falta ao suíço os votos de algumas das federações que retiraram o apoio a Blatter depois que as autoridades dos Estados Unidos e da Suíça deflagraram, na última quarta-feira, uma megaoperação intercontinental para prender oito dirigentes esportivos ligados à Fifa. Embora Blatter não esteja entre os investigados e afirme ser inocente, as suspeitas afetaram sua gestão. Ele está à frente da entidade desde 1998 e garantiu seu quinto mandato. Duzentos e nove delegações tinham direito a voto na escolha do presidente da federação. Devido ao retorno repentino do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, ao Brasil, o País foi representado pelo presidente da Federação de Futebol do Ceará, Mauro Carmélio. caso Na manhã da última quarta-feira, policiais suíços prenderam, em Zurique, o ex-presidente da CBF José Maria Marin, e mais seis dirigentes esportivos: Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel. No final da tarde do mesmo dia, o ex-vice-presidente da Fifa Jack Warner entregou-se às autoridades de Trinidad e Tobago, na América Central. Warner foi liberado após pagar fiança de US$ 400 mil. Nove dirigentes da Fifa e cinco empresários esportivos de várias nacionalidades - entre eles os sete já presos - foram denunciados à Justiça norte-americana, suspeitos de cobrar propinas ao negociar contratos de direitos de transmissão de jogos organizados pela Fifa ou por entidades a ela associadas. As autoridades norte-americanas também investigam indícios de fraude na escolha dos países-sede das duas próximas copas do Mundo (Rússia, 2018, e Catar, 2022). Segundo a Promotoria de Justiça de Nova York e o FBI (Polícia Federal dos Estados Unidos), o esquema pode ter movimentado mais de US$ 150 milhões em mais de duas décadas.