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Caderno D

Cia. Grupo Corpo abre espaço para nova coreógrafa de olho na renovação

04 agosto 2015 - 12h18

Tudo começou no lar de uma família mineira. Em 1975, os irmãos Paulo, Rodrigo e Miriam transformaram a casa onde nasceram na sede do Grupo Corpo, que tinham acabado de criar. Os pais foram morar de aluguel para dar espaço ao sonho dos filhos. Quarenta anos depois, quem entra no edifício de três andares – erguido em 1978, em outro endereço -, no bairro Mangabeiras, em Belo Horizonte, ainda sente o clima familiar. Lá, é fácil achar uma xícara de café e bom papo. Mas a singeleza está ao lado de outra peculiaridade: a dedicação extrema à arte. Foi o trabalho sério, do qual os Pederneiras gostam, que elevou o Corpo ao posto de maior companhia de dança brasileira. Como disse o diretor artístico Paulo Pederneiras: “Nós todos somos muito exigentes. Mas esse rigor não ofende ninguém”. Em quatro décadas, o Corpo se apresentou pelo mundo, multiplicou parcerias com profissionais de outras artes, desdobrou-se em projetos sociais e se tornou sinônimo de excelência. Para celebrar tantas conquistas, apresenta duas obras inéditas neste mês em Belo Horizonte e São Paulo e, em setembro, no Rio: Dança Sinfônica e Suíte Branca. É a primeira vez em 24 anos que a companhia tem duas estreias na mesma noite. Também é a primeira vez, desde 1988, que coloca em cena um balé não coreografado por Rodrigo Pederneiras. A temporada comemorativa começa amanhã no Palácio das Artes, na capital mineira. Assim, o Corpo volta no tempo para a sua própria estreia naquele palco, em 1.º de abril de 1976. Foi lá que o público conheceu o balé que se tornaria um clássico, Maria Maria. Com coreografia do argentino Oscar Araiz, música de Milton Nascimento e roteiro de Fernando Brant, a obra virou fenômeno. Lotou plateias e abriu portas para o grupo. “Não sei se (a longevidade do grupo) tem segredo. Mas nós temos um convívio muito honesto. Não tem espaço para vaidades exacerbadas”, explica Paulo. “Temos uma maneira aberta de se comportar. Não tem frescura. Outra questão importante é a excelência artística. Não só dos bailarinos, mas de toda a equipe. Não dá para deixar mais ou menos.” Ao longo do percurso, o Corpo desenvolveu um repertório que transita com naturalidade entre o erudito e o popular, o urbano e o regional. Coreógrafo-residente da companhia desde 1978, Rodrigo criou movimentos que traduzem a brasilidade para a dança Esse percurso é o mote de Dança Sinfônica, de Rodrigo. “Quis fazer uma coisa Minas Gerais”, diz o coreógrafo. “A gente caminhou demais. E, agora, estamos voltando para o ninho. Se bem que nunca saímos do ninho.” Os 40 anos ganham significado profundo com a música transcendental de Marco Antônio Guimarães (criador do grupo Uakti), interpretada pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, regida pelo maestro Fábio Mechetti. A emotividade está por toda parte, do cenário com mais de mil fotos feitas por quem passou pelo Corpo desde 1975 até o pas de deux com a veterana Silvia Gaspar. “Eu me lembrei que costumo guardar certas ideias ali, na gaveta. Tem um livro do Caio Fernando Abreu que adorava, que se chama Ovelhas Negras. Era isso, ideias antigas que ele não tinha publicado. Pensei: ‘Vou fazer a mesma coisa que ele’. Peguei ideias antigas e tentei misturar com coisas novas, de hoje, que gostaria de fazer. E também com alguma coisa da história das pessoas. Não vou citar nomes, mas há homenagens que faço a determinadas figuras que estão aqui e que passaram por aqui”, revela Rodrigo. Nova geração Se o primeiro balé é uma ode à memória e tradição do Corpo, o segundo revela a preocupação da companhia em sempre se renovar. Suíte Branca é coreografia da paulista Cassi Abranches, que foi bailarina do grupo por 12 anos. Ela conta que teve total liberdade, recebeu “uma folha em branco” para criar o que quisesse. A ideia se materializou também no cenário e figurinos, tudo branco. “O conceito da noite é lindo. É contar os 40 anos, com as fotos, e olhar para frente, com o branco”, diz Cassi. Para reforçar esse espírito de juventude, o Corpo convocou Samuel Rosa e seu grupo Skank para criar a trilha, que tem pegada rock-and-roll. As notas casaram com a ideia de Cassi de usar a gravidade como referência para os movimentos. “Quando me deram o primeiro acorde da trilha, não sei por que, imaginei o movimento de cair. Então, perguntei para a menina que começa o balé o quanto ela conseguia deixar o corpo cair sem se machucar. A partir daí, fui construindo os movimentos, brincando com essa coisa do risco.”

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