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Caderno D

Morte do diretor e produtor Roberto Talma acelera o fim de uma era da TV

24 abril 2015 - 08h00

A morte de Roberto Talma, na madrugada de ontem, no Rio, aos 65 anos, acelera o fim de uma era em que a televisão era o meio absoluto, quase único, de entretenimento, em mais de 90% dos lares brasileiros. Internado desde 2 de março passado no hospital Samaritano do Rio, Talma sofria de insuficiência renal crônica e doença arterial coronariana. Novela, show, novela e mais show fazem do currículo do diretor um almanaque da diversão eletrônica da era pré-internet, pré-mobile e até pré-controle remoto. A Globo informa que o velório será amanhã a partir das 11 horas, no Memorial do Carmo, no Caju. A cremação ocorrerá no mesmo dia, às 15 horas, em cerimônia reservada à família. Roberto Talma deixa três filhos: Raphael Bethlem Vieira, de seu casamento com a atriz Maria Zilda Bethlem, Stephan Borges Vieira e Matheus Faloppa Vieira.

HISTÓRIA Nascido em 29 de abril de 1949, em São Paulo, Roberto Talma Vieira completaria 66 anos na próxima quarta-feira. Aos 9 anos, ele já estava na TV Record dos Machado de Carvalho, onde se apresentava com um grupo de sapateado no programa A Grande Gincana Kibon. No início da década de 1960, mudou-se com a família para o Rio, trabalhou durante algum tempo na TV Rio, passando também pela TV Excelsior e pela TV Tupi, até ser contratado pela Globo, no dia 1º de abril de 1969. Na Globo, começou como operador de videoteipe, participando do núcleo de jornalismo da emissora. Já no ano seguinte, Talma se juntaria ao núcleo de dramaturgia para trabalhar com a equipe de Selva de Pedra (1972), de Janete Clair, dirigida por Walter Avancini. Em 1975, foi convocado por Avancini para ser o diretor principal de O Grito, de Jorge Andrade. Em 1976, logo depois de dirigir Saramandaia, de Dias Gomes, voltou para a TV Tupi. Durante 11 meses dividiu com Gilberto Motta a direção do programa São Paulo, Túmulo do Samba (1977). Ao retornar para a Globo, assumiu a direção de shows no Fantástico. No final dos anos 1970, mudou de canal mais uma vez. Na Bandeirantes, dirigiu o programa Rosa e Azul, com o casal Débora Duarte e Antônio Marcos. Seis meses depois, voltou para a Globo, novamente a convite de Avancini. Nos anos 80, dedicou-se a várias atrações da linha de shows. Comandou o programa em homenagem aos 60 anos do maestro Tom Jobim, Antonio, o Brasileiro (1987), que recebeu o Grande Prêmio na 30ª edição do Festival Internacional do Filme e Televisão de Nova York. Em 1982, trabalhou novamente na TV Bandeirantes, onde foi produtor de tramas como Campeão (1982), de Jaime Camargo e Marcos Caruso, e Braço de Ferro (1983), de Caruso. Ao voltar para a Globo, assumiu o cargo de diretor executivo da Central Globo de Produção. Foi responsável pela criação de seriados como Armação Ilimitada (1985) e Tarcísio & Glória (1989) e das minisséries Anos Dourados (1986), de Gilberto Braga, Sampa (1989), de Gianfrancesco Guarnieri, Boca do Lixo (1990), de Silvio de Abreu, e O Sorriso do Lagarto (1991), de Walther Negrão e Geraldo Carneiro. Em 1992, dirigiu a novela Perigosas Peruas, de Carlos Lombardi, em que atuou também, pela primeira vez, como diretor artístico. No ano seguinte, desempenharia essa função na novela Renascer, o folhetim que traria Benedito Ruy Barbosa de volta à Globo, após a bela incursão de Pantanal, na Manchete. Credenciado pelo sucesso na concorrência, Benedito conseguiria, com Renascer, levar a temática rural pela primeira vez ao horário nobre da Globo e contar sua história à luz do sol, com um volume de externas até então inédito na emissora. Talma bancou a aposta e entregou a direção-geral a Luiz Fernando Carvalho, o que resultou em uma das mais belas produções que a TV brasileira já realizou. Em 1995, Talma deixou a Globo novamente, para se dedicar a projetos pessoais, que incluía a criação de uma produtora independente. Realizou novelas para o SBT e voltou quatro anos depois, quando assumiu o núcleo de programas infantis da Central Globo de Produção. Cuidou de atrações como Gente Inocente (1999), Flora Encantada (1999), Bambuluá (2000) e a segunda versão do Sítio do Picapau Amarelo (2001). Sob sua responsabilidade também estiveram diversos programas de outras linhas da emissora, como o Domingão do Faustão, o Fantástico e o programa Linha Direta, criado em 1999. O programa que nunca foi ao ar. De 1998 a 2010, assinou a direção geral dos especiais de fim de ano do cantor Roberto Carlos. Como diretor dos especiais do Rei, Talma tentou acompanhar a realização do único programa de TV protagonizado pelo cantor que nunca foi o ao ar: o Roberto Carlos Acústico MTV. No teatro, em 2006, dirigiuas atrizes Maitê Proença e Clarice Derziê na peça Achadas e Perdidas, baseada no livro Os Ossos e a Escritura, da própria Maitê. Em 2012, assumiu a direção de núcleo da releitura de Gabriela e, em 2013, comandou o seriado Pé na Cova. Ainda em 2013, produziu o filme Dores de Amores, com direção de Raphael Vieira.

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