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Caderno D

Música: Tulipa Ruiz chega ao terceiro disco mais movida pelo projeto ao vivo

05 maio 2015 - 08h00

"Diário do novo disco. Nome: indefinido. São Paulo, 13 de dezembro. Na verdade, o disco começou no dia 12 de dezembro, em Sampa. Ou melhor, quando saímos de Sampa. Eu e Gustavo, no carro. Rumo a Camburi." Tulipa Ruiz recita, radiante, as primeiras linhas escritas em um diário da gravação do novo disco, “Dancê”, a ser lançado hoje, encontrado na mochila que levava consigo na entrevista à Agência Estado, na tarde da última sexta-feira. O irmão, produtor e parceiro de composições Gustavo Ruiz, sentado do outro lado da mesa do café, também está surpreso: "Não acredito que você escreveu isso". Tulipa confirma, ainda folheando as páginas anotadas. e volta a lê-las. "Queríamos tirar alguns dias, eu e Gustavo, antes de começarmos os ensaios com a banda, em janeiro. A casa na praia foi providencial. Ou seja, o disco começou no Citroën do Gustavo.". Dancê, álbum que foi selecionado para receber o apoio do projeto Natura Musical, nasceu ainda antes daquela descida de serra de Tulipa e Gustavo. Ainda na turnê do segundo disco dela, Tudo Tanto (2012), nos períodos de intervalo entre os mais de 120 shows, Tulipa e Gustavo reuniam trechos de músicas, ideias, rascunhos que, certo dia, poderiam vir a ser canções cheias. A vivência da estrada, o calor recebido do público, a turnê em si funcionou com um combustível para Tulipa. Se Tudo Tanto, sucessor da estreia Efêmera, havia destaque para momentos mais rasgados ou intimistas, a cantora e compositora sonhava que o terceiro álbum teria uma ilustração de Robert Crumb e que teria essa levada dançante. A ideia de Crumb acabou abandonada porque uma representante do norte-americano avisou que ele estava aposentado, morando no sul da França. Colocar o público para dançar, contudo, manteve-se como o cerne dos planos dos dois. Depois do período na praia, os irmãos se juntaram à banda - Marcio Arantes (baixo), Caio Lopes (bateria) e o pai deles, Luiz Chagas (guitarra) - em um sítio em Joaquim Egídio, próximo a Campinas, já com as bases e pré-produção definida. Ali, a imersão naquelas que seriam as 11 canções de Dancê era completa. "Só tinha visto isso, de banda ir para um sítio para gravar, em programa da MTV", brinca Tulipa. "Quando eu e o Gustavo nos juntamos para fazer música, entramos em um modo hiperativo de produção. Chegamos ao sítio já com coisas montadas." E o diário, por sua vez, deixou de ter total atenção de Tulipa. Os textos deram lugar a esboços e rascunhos. "Ah, mas olha aqui", diz ela, lendo. "No carro ouvimos Fiona Apple, Caetano Veloso e Dirty Projectors". Uma mistura, no mínimo, dançante.

PARTICIPAÇÕES Quando João Donato entrou no estúdio, em São Paulo, para gravar a participação em Dancê, foi recebido pelos integrantes da banda vestidos com camisas floridas, como costuma usar o músico acreano de 80. "O combinado era que todos estivéssemos ‘na estica’ quando ele viesse gravar", conta Tulipa. A presença de Donato, assim como de outras no álbum, como Lanny Gordin em Expirou ou a banda Metá Metá em Algo Maior, não eram planejadas previamente pela cantora e compositora ou seu irmão. "Isso me faz ficar apaixonada pelo processo", conta ela. Quando Lulu Santos foi chamado para participar de Dois Cafés, canção embebida no pop do segundo álbum dela, Tudo Tanto (2012), também foi um processo semelhante, uma ideia surgida durante as gravações. Ela havia contado a Gustavo qual era a ideia para o disco. "Queria algo dançante, no sentido de celebração", diz Tulipa. "Para mim, é importante quando a música bate e já fica com vontade de dançar. Gosto disso, queria provocar isso nas pessoas: um disco no qual você sinta primeiro pelos poros e depois vá para a sua cabeça."

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