O Theatro Vasques de Mogi das Cruzes recebe, no domingo, a peça “Se Tivéssemos Tempo”, que no mesmo dia completa 30 anos em cartaz. O trabalho é dirigido por Nelson Albissú e conta com Gil Fuentes, colunista do DS, e Maria Amélia Montoni no elenco. A apresentação também integra as comemorações do jubileu de ouro do Teatro Experimental Mogiano (TEM), ao qual Clarice Jorge sempre pertenceu e é considerada a primeira grande dama. Além de ter sido a responsável por levar o texto de Albissú ao palco, ela foi a primeira a interpretar Laura, a mulher de Eugênio Montanaro, os dois personagens em cena na peça que teve o título trocado por não agradar os mais velhos que, há três décadas, tinham menores expectativas de vida e muito menos os direitos reconhecidos. A velhice, seus problemas, angústias, sonhos, desejos e balanços não faziam parte das preocupações ou dos temas que interessavam ao jovem Nelson Albissú. Ele queria ser marinheiro, mas nem discutiu com o pai quando esse o encaminhou para um trabalho burocrático. O paulistano, criado em Santo André, no ABC Paulista, seguiu carreira na área administrativa, sempre na indústria e por causa dela veio parar em Mogi das Cruzes, onde, por escrever com facilidade, sempre era encarregado dos memorandos, atas e outros documentos. O encantamento por "carnificar a palavra" e pelo teatro nasceu naquele dia. No ímpeto, ele escreveu “A Última Estação”, que a diretora, após ler, decidiu montar imediatamente. Assim nasceu a peça “Se Tivéssemos Tempo”. O nome de Fuentes é inseparável do de Eugênio Montanaro, o personagem que ele carnifica, como diz Albissú. "Eugênio Montanaro é uma entidade na minha casa. Lá estão as coisas dele, que têm lugar, gavetas próprias. Minha filha caçula brinca com a bengala dele desde que nasceu e fala do Eugênio como se fosse um tio. Ele vive e convive com minha família todos esses anos", conta Fuentes que tem certeza de que conhece melhor o personagem do que conheceu o pai.