A inflação ultrapassou, apenas nos quatro primeiros meses deste ano, a meta perseguida pelo governo para o ano todo, que é de 4,5%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 4,56% no ano até abril, maior resultado para o período desde 2003. A despeito do intervalo de tolerância (dois pontos para mais ou menos), o teto da meta também fica cada vez mais para trás: em 12 meses, alta é de 8,17%, a maior em desde dezembro de 2003. Na leitura mensal, porém, o IPCA desacelerou a 0,71% em abril, quase metade do verificado em março, diante da menor pressão da energia elétrica. O resultado ficou abaixo do esperado em média pelo mercado financeiro. Mesmo assim, foi o mais elevado para o mês desde 2011, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "De jeito nenhum é uma inflação baixa", ponderou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do órgão. "Vemos que vários itens importantes no orçamento das famílias apresentaram resultados bastante significativos, como o condomínio. Daí podemos inferir que alguns itens estão contaminando outros, como no caso da energia elétrica, que pode ter levado ao aumento de outros itens", afirmou. A conta de luz ficou 1,31% mais cara em abril, bem menos do que o aumento médio de 22,08% observado um mês antes. Mas, elevações passadas estão sendo incorporadas agora aos preços de estabelecimentos como restaurantes e até por produtores de alimentos, que citaram a energia como uma pressão de custo. "A difusão da alta da energia é rápida, ocorre entre um e dois meses. Então, isso ainda deve pressionar o IPCA de maio e junho", disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Nos últimos 12 meses, a energia elétrica subiu 59,93%.