O governo Dilma Rousseff (PT) começou a articular com suas principais lideranças do Congresso uma proposta para reduzir a meta de superávit primário de 2015. A avaliação reservada de integrantes do governo, feita na equipe econômica e no Palácio do Planalto, é que o Executivo não conseguirá cumprir no final do ano a meta de economizar 1,1% do PIB para pagar os juros da dívida, diante da forte queda das receitas da União, Estados e municípios e da retração econômica registrada desde o início do ano. Por isso, nos bastidores, o Ministério da Fazenda não fará questão de barrar iniciativas de senadores, como Romero Jucá (PMDB), de cobrar que o governo envie, em agosto, um projeto ao Congresso reduzindo a meta deste ano. O Ministério da Fazenda tem dado sinais de que deixa a discussão ocorrer, sem estimulá-la publicamente. Como o ministro da Casa Civil, Aloisio Mercadante, o ministro Joaquim Levy já teve reuniões reservadas para discutir o assunto. Na Fazenda, a redução da meta também já é debatida. O diagnóstico é o de que, quando o debate estiver maduro e for o momento adequado, não haverá surpresa num eventual envio de proposta de alteração da meta pelo governo ao Congresso. "Deixa rolar", é como tem sido explicitada a ação do Levy. Como reforço político, Romero Jucá disse que apresentará emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias do próximo ano, em tramitação no Congresso, para mudar as metas fiscais dos dois próximos anos: a de 2016 seria reduzida de 2% para 1% e a de 2017, de 2% para 1,5%. A meta de 2018 seria mantida em 2018. A decisão de Jucá de deflagrar a ação pró-redução da meta ocorreu após um encontro promovido pelo vice-presidente e articulador político, Michel Temer, na semana passada com a presença de Levy e Mercadante e parlamentares da base. À certa altura, o senador do PMDB defendeu a redução da meta diante dos presentes. Levy nada disse, o que foi interpretado pelos presentes como a senha para se provocar o debate.