A soja e o milho continuam a encarecer no atacado, enquanto o minério de ferro diminuiu o ritmo de queda, influenciado pelo dólar mais caro. Com isso, o Índice Geral de Preços -10 (IGP-10) acelerou a 0,83% neste mês, informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). Já no varejo, a inflação desacelerou timidamente, com uma trégua nas tarifas de ônibus e mensalidades escolares, mas pressão renovada vinda de energia elétrica e gasolina. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa o atacado, avançou 0,75% em março, muito mais do que a alta de 0,03% no mês passado. Apenas a soja subiu 4,29% e impulsionou praticamente sozinha a aceleração do IPA, enquanto o milho avançou 3,24%. A Tendências Consultoria Integrada espera que o índice atacadista suba ainda mais nas próximas semanas. "A expectativa é de que o IPA continue registrando significativo avanço, em linha com a trajetória ascendente de grãos", avaliaram os economistas Rafael Bacciotti e Thiago Xavier. Apesar disso, o superintendente adjunto de inflação da FGV, Salomão Quadros, não vê razões para novos aumentos na soja, cuja alta foi uma "correção" de quedas significativas registradas antes. A safra brasileira terá um novo recorde este ano, lembrou "A tendência é que o preço vá estabilizando. Não vejo razão nenhuma para continuar subindo." O minério de ferro, por sua vez, caiu 0,47%. Apesar do sinal negativo, a queda é muito menos intensa do que registrava em meses anteriores. O preço no mercado internacional continua cedendo, mas a desvalorização do real reduz esse efeito, pois o minério (comercializado em dólar) fica naturalmente mais caro. Já a inflação no varejo perdeu força em março, e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 1,29% neste mês. O fim do impacto dos reajustes escolares e a trégua nas tarifas de ônibus urbano foram os principais responsáveis por esse comportamento. Apesar disso, a alta de 7,13% na gasolina e de 9,54% nas tarifas de energia elétrica impediram que a desaceleração fosse ainda maior.