O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou ontem rompimento com o governo e disse que, como político, vai tentar no congresso do partido, em setembro, convencer a legenda a seguir o mesmo caminho. Cunha disse que, apesar da decisão, vai manter a condução da Câmara dos Deputados "com independência". A decisão foi motivada pela acusação de que o peemedebista recebeu US$ 5 milhões em propina para viabilizar um contrato de navios-sonda da Petrobras para a empresa Toyo Setal. A acusação foi feita pelo empresário Júlio Camargo em depoimento na última quinta-feira ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato. Cunha reafirmou que há uma tentativa por parte do governo de fragilizá-lo. "Está muito claro para mim que esta operação (Lava Jato) é uma orquestração do governo", disse. Ele lembrou que, desde junho, o Executivo iniciou uma "devassa fiscal" em suas contas. "Esse tipo de devassa, de cinco anos, é um constrangimento para um chefe de Poder". Cunha diz haver interferência do governo nas investigações da Lava Jato, mesmo com o envolvimento de petistas.