O procurador da República que coordena as investigações da Operação Lava Jato, Deltan Martinazzo Dallagnol, afirmou na tarde de ontem, em coletiva de imprensa, que há "amplas provas" do envolvimento do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), João Vaccari Neto, no esquema de corrupção na Petrobras. O Ministério Público Federal (MPF) denunciou Vaccari à Justiça por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Segundo Dallagnol, cabia a Vaccari indicar as contas dos diretórios que recebiam os depósitos com recursos oriundos de propina, que depois eram "lavados" como doações eleitorais supostamente legais. "Foram 24 doações ao PT", afirmou o procurador. O petista consta da lista de 21 alvos da nova denúncia da Procuradoria no âmbito da Lava Jato, relativa à Operação My Way, nona fase da Lava Jato, deflagrada em fevereiro. É a primeira acusação formal contra Vaccari e também a primeira contra o ex-diretor da estatal Renato Duque, preso ontem no Rio (veja mais na matéria abaixo), na décima fase da operação, batizada de "Que País é esse?". De acordo com o procurador, Vaccari tratava do assunto em reuniões com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e as propinas eram descontadas da diretoria de Serviços, que era comandada por Duque. "Vaccari tinha consciência de que esses pagamentos eram feitos com propina", afirmou, destacando que o acerto dos valores era feito com "regularidade". Em sua delação premiada na CPI da Petrobras, o ex-gerente executivo da empresa, Pedro Barusco, afirmou que o tesoureiro do PT arrecadou "até US$ 200 milhões" para o partido, via Diretoria de Serviços. Vaccari e o PT até o momento negam qualquer irregularidade, reiterando que trabalham apenas com doações legais.