A luta pela sobrevivência obriga muitos pais nos dias atuais a ficarem o dia inteiro longe de seus filhos. Com a inserção das mulheres no mercado de trabalho isso se agravou. Existe atualmente uma ideologia veiculada pela mídia e enfatizada até por alguns psicólogos de prestígio: "Não é a quantidade de tempo que você dispensa a seus filhos que conta, mas sim a qualidade". Pergunto ao leitor: "Por que temos de escolher entre as virtudes da quantidade versus qualidade? Nós, provavelmente, não aceitaríamos escolha forçada em qualquer outra área de nossas vidas. Sendo assim, por que ela é relevante somente para nossos filhos?" Muitos pais estão terceirizando a educação dos filhos. É comum que as crianças hoje em dia passem mais tempo nas redes sociais, do que interagindo com os pais ou com outras crianças. Quando se escolhe a paternidade ou a maternidade, há que se comprometer com o cuidar e o educar, assumindo todas as demandas que esses processos podem trazer. Os pais, em geral, estão cansados, extenuados, depois de um dia estressante, de modo que não têm energia e ânimo para brincar, conversar com os filhos, contar uma história, ver as atividades que fizeram na escola. O Dr. James Dobson, um especialista em educação de crianças e adolescentes, usa em seu livro "Lar, doce lar" uma ilustração que acho bem interessante: "Suponhamos que você tenha programado durante todo o dia comer num dos melhores restaurantes da cidade. O garçom traz o cardápio e você pede o prato mais caro do restaurante. Mas, quando a comida chega, você vê um pedaço minúsculo de carne de mais ou menos três centímetros quadrados no centro do prato. Quando você reclama do tamanho da porção de carne, o garçom diz: "Senhor, reconheço que a porção é pequena, mas este é o bife de melhor qualidade que o dinheiro pode comprar. Quanto ao tamanho da porção, espero que o senhor compreenda que não é a quantidade que importa, é a qualidade que conta". Com certeza, nessa situação, não aceitaríamos a argumentação do garçom, porque racionalmente sabemos que tanto a qualidade quanto a quantidade são importantes. O tempo que dedicamos aos nossos filhos são mais preciosos do que qualquer bem material. Uma bela casa, roupas bonitas, brinquedos caros, viagens; nada disso pode substituir o tempo de interação com eles, cuidando e ensinando; diria também, aprendendo com eles. Um pesquisador americano telefonou a uma dúzia de casas, cerca das nove horas da noite, para ver se os pais sabiam onde seus filhos se encontravam. As primeiras cinco chamadas foram atendidas por crianças, que não tinham ideia do paradeiro dos pais. Essa é, infelizmente, a realidade de muitos "lares" hoje em dia. Estudos recentes têm mostrado que a rejeição por parte dos pais é um dos principais fatores que levam crianças e adolescentes a uma vida de crimes e, consequentemente, à autodestruição. Os filhos precisam de nosso tempo e do melhor que possamos lhes dar! "Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão". (Salmo 127:3)