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Jornal Diário de Suzano - 26/07/2024
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Região

Com cenário realista, Passos da Paixão volta aos palcos após pandemia

Espetáculo foi realizado na Vila São Francisco e lança luz para o tema da moradia e as carências sociais de quem vive no local

08 abril 2023 - 13h54Por de Poá

Nem a chuva foi capaz de afastar o público para assistir a 21ª edição do espetáculo teatral Passos da Paixão, em Poá. A sexta-feira nublada e chuvosa chegou a ameaçar estragar os preparativos da produção, realizada neste ano, na Vila São Francisco, um bairro periférico da cidade. Mas tudo isso só deixou o cenário ainda mais realista, pois a água transformou as ruas sem asfalto em lama, deixando latente as maiores necessidades do bairro.

Cerca de 300 pessoas acompanharam a apresentação, a grande maioria de moradores do entorno, mas também houve a presença dos fãs, aqueles que fazem de tudo para não perder uma edição. É o caso da assistente social Laura Chagas. Ela, a família e amigos tentaram chegar utilizando um motorista de aplicativo, que se perdeu no caminho para a Vila São Francisco, divisa com Ferraz de Vasconcelos. “De repente, vimos alguns carros e até viaturas policiais seguindo em caravana e, logo em seguida, encontramos o pessoal do apoio que nos direcionou até o local da apresentação. Não poderíamos perder”, contou.

De fato, a ansiedade era grande, afinal, foram três anos em que o Passos da Paixão não pôde ser apresentado por causa da pandemia de Covid-19. A expectativa era alta, mesmo entre o elenco, que em 2020, às vésperas do espetáculo tiveram que cancelar a peça. Tudo superado na noite desta sexta-feira, onde a emoção de estar de volta aos palcos lavou a alma do elenco.

Legado

Para que o Passos ocorresse na Vila São Francisco houve a necessidade de mobilizar as principais lideranças comunitárias, a fim de ouvi-las, conhecer a história do bairro, que surge como área de ocupação anteriormente denominada de “Raspadão” e hoje já contempla cerca de 750 famílias, divididas entre moradores de Poá e Ferraz. Para a diretora geral do espetáculo, Lidiane Santos, esse diálogo foi fundamental para entender as principais necessidades de quem vive diariamente as carências básicas como saneamento básico, iluminação pública e pavimentação, além dos serviços públicos de saúde e educação.

Diante dessa realidade, a Associação Cultural Opereta e a Cia. Teatro Roda Mundo reuniu outras instituições sociais do bairro, a associação de moradores, igrejas e líderes de diferentes matizes religiosas para, juntos, oficializar um pedido por melhorias junto aos órgãos responsáveis como a Prefeitura e também a empresa de iluminação. Desde janeiro, esta mobilização social se formou.

O pastor Roberto Nogueira, responsável pelo Instituto Acolher, salientou que esta provocação realizada pela Opereta foi pioneira. “Pela primeira vez pude presenciar uma verdadeira união entre os moradores e os grupos de ação social do bairro em prol de melhorias”, reconheceu. Nos dias que antecederam o evento, ruas antes apagadas foram iluminadas e tiveram o nivelamento do solo com tratores. Aos poucos, os benefícios começaram a chegar no bairro, ainda incipiente perto de tantas necessidades, mas que acenderam uma luz de esperança, tal como a cena da ressurreição de Jesus, vivida pelo controlador de acesso, o ator Jeff Castanheira, quando surgiu no alto de uma das lajes de uma das moradias do bairro. 

“Foi lindo demais, tudo o que vocês fizeram aqui. Nós estamos eternamente gratos pela presença da Opereta na Vila São Francisco. Vocês resgataram o amor na vida das crianças, tão marcadas pelo ódio e pela violência”, disse o líder comunitário Luiz Lopes Ferreira. Essas crianças do bairro completaram o elenco com um lindo coro infantil. 

 

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