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Teatro

Passos da Paixão exalta a brasilidade e emociona 8 mil pessoas em Poá

Neste ano, a inclusão foi um dos destaques. Deficientes visuais e auditivos puderam acompanhar a peça com Libras e audiodescrição

20 abril 2019 - 14h36Por De Poá

Como descrever em palavras, a emoção de quem não tem a oportunidade de ver com os olhos e ouvidos toda a beleza, a alegria e a riqueza cultural vivenciada por cerca de 8 mil pessoas que assistiram ao espetáculo “Passos da Paixão”, na Praça de Eventos, em Poá? É exatamente esta a função da audiodescrição e da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Pela primeira vez, deficientes visuais e auditivos tiveram a oportunidade de acompanhar toda a peça por meio destes recursos e se encantarem com a compreensão de toda a produção teatral com duração de duas horas e meia realizada pela Associação Cultural Opereta e a Cia. Teatro Roda Mundo.

Em frente ao palco, foi destinada uma área reservada para este público. Os deficientes visuais recebiam um aparelho com um fone de ouvido e, por meio deste equipamento, ouviam toda a audiodescrição da peça. Além da narração e dos diálogos gravados pelo elenco, as audiodescritoras informavam detalhes como o posicionamento, os movimentos dos atores e atrizes pelo palco, o estilo do figurino, entre outros.

 

Tudo isso para complementar as cenas e dar a dimensão de como o roteiro evoluía. Já os deficientes auditivos contaram durante todo o espetáculo com intérprete de Libras, que se revezavam em um tablado para contar a história por meio dos sinais com as mãos. Todo este brilhante trabalho foi executado pela ONG Amigos pra Valer e a equipe coordenada por Ana Guarinho e Paloma Fermino. Nos 20 anos de edição do Passos da Paixão, pela primeira vez, este público pode conferir a audiodescrição da Santa Ceia, por exemplo, algo inédito no País.

“Assisto muito teatro, cinema com a audiodescrição. Agora espetáculo igual a esse foi a primeira vez”, declarou Marilene Borges Rodrigues de Paula, 69 anos, professora aposentada, de São Paulo. A escolha da trilha sonora, coordenada pelo músico Alexandre Guilherme também foi muito elogiada por ela, pois trouxe cirandas, cantigas populares e lamentos sertanejos. No final da apresentação, os atores ficaram frente a frente com este público tão especial e, em um raro momento, puderam se abraçar e sentir com as mãos, todo o detalhe da maquiagem coordenada por Ivon Mendes e do figurino assinado por Amabile Luz. “Isso engrossou o caldo, enriqueceu porque descrever é uma coisa e sentir ao vivo é outra”, brinca.

A narrativa deste ano com o tema “Um Povo do Brasil, um Povo do Sertão”, trouxe uma estética bem brasileira a todo o espetáculo. Jesus foi interpretado pelo operador de telemarketing Matheus Diniz, que fez 22 anos neste sábado. No palco, a cenografia de Álvaro Júnior em quadrinhos de literatura de cordel já prenunciava o que o público poderia encontrar. E para o pernambucano Adeildo José da Silva, 39 anos, foi emocionante assistir a história mais famosa do mundo, contada de um jeito tão peculiar. “É a primeira vez que estou aqui prestigiando a Paixão de Cristo de Poá. Achei muito bonito falando das eras dos antepassados trazida agora para o presente. Fiquei muito emocionado em rever essa cena daqui de São Paulo”, contou. Silva, que veio acompanhado do amigo Valentim Paixão, 75, de Suzano é ator em Jaboatão dos Guararapes, a 20 quilômetros da capital, Recife. Lá, ele diz, que a encenação ainda é no estilo romano e agora vai levar a proposta dessa brasilidade para ser realizada na cidade pernambucana.

 
 
 
 

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