O especialista em segurança pública e privada, Jorge Lordello, que também tem mais de 25 anos de experiência como delegado de polícia, disse, esta semana, que é preciso ter cautela no uso de detectores de metais nas escolas.
Para ele, o problema é muito complexo para uma solução tão simples. “Quando acontece um caso grave, você começa a ter achismos. É um festival de ideias sem refletir o problema. Sobre o detector de metal, as perguntas são: quem vai fazer a revista? Quantos detectores por colégio? Em alguns horários, o fluxo de alunos é grande, o que faria uma fila fora da escola. Isso é seguro? Isso atrasaria as aulas?”.
O especialista usa como exemplo os aeroportos, que detêm detector de metais e uma fila é formada para que todos passem da maneira correta. Segundo ele, na escola aconteceria o mesmo.
De acordo com Lordello, os colégios públicos e particulares deveriam ter um conselho de segurança permanente, para que as medidas possam ser tomadas da melhor maneira possível. “Esse conselho tem que começar o trabalho para ter o controle de acesso ao colégio. O aluno não pode entrar fora do horário. O ex-aluno não pode entrar sempre, assim como pai e mãe”.
Ele continua explicando que os colégios de alto padrão fazem um controle de acesso rigoroso até com os próprios funcionários. “Os colégios que têm recursos fazem o controle de acesso com primazia. Esse controle de acesso rigoroso é até com os funcionários fora de horário”, explica.
Lordello compara a situação com os hospitais e diz que “em hospital público você entra e vai no quarto sem ninguém falar nada. No hospital de alto padrão você é barrado na porta”.
De acordo com o especialista, as pessoas que fazem esses ataques às escolas são “perturbadas mentalmente” e que “não têm nada a perder”. Ele diz que eles “entram para matar e morrer. Se não conseguirem entrar por causa da revista, vão matar todos na fila mesmo”.
“O professor é ameaçado, agredido, violentado e a gente vai passando a mão e tratando com normalidade. O ensino público descambou para a violência há 20 anos, quando o professor perdeu a autoridade dentro da sala de aula”, disse Lordello, explicando que o problema é “muito mais complexo” do que parece.
Outra crítica de Lordello foi à cultura brasileira que, segundo ele, é do reativismo. “Espera acontecer algo grave para tomar uma atitude pequena que logo depois cai no esquecimento. Há dez anos aconteceu o caso da Boate Kiss. Na época, todas as casas noturnas se preocuparam, hoje se você entrar em uma casa noturna vai estar tudo lotado, sem problema nenhum”.