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Jornal Diário de Suzano - 26/07/2024
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Cidades

Insegurança marca o retorno das aulas em escolas de Suzano

Após luto, escolas retomam as aulas. Alunos sentem medo de voltar a estudar após o massacre na Raul Brasil.

18 março 2019 - 21h00Por Dennis Maciel - Suzano
O clima de insegurança marcou a volta às aulas nas escolas e creches de Suzano durante esta segunda-feira (18). Pais de estudantes afirmam que os alunos se sentem inseguros e desconfortáveis para voltar a estudar.
As instituições estavam fechadas, desde quinta-feira (14), por conta do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, que resultou na morte de dez pessoas.Funcionários relatam que as salas estão vazias por conta do medo de novos ataques.
 
As aulas nas escolas da região central de Suzano voltaram ao normal ontem, com exceção da Raul Brasil que passa por uma revitalização. 
 
Na maioria das instituições o clima ainda é de luto por conta do atentado que aconteceu na semana passada. Funcionários relatam que as salas estão praticamente vazias e o assunto predominante entre os estudantes ainda é sobre o massacre.
 
Uma funcionária de uma escola estadual de Suzano, que não quis se identificar, afirmou estar com medo de voltar ao ambiente escolar após o atentado. "Todos nós ficamos muito chocados com a situação. Durante o período da manhã e da tarde contabilizamos um número menor de alunos. Ainda em pânico, eles olham para todos os lados imaginando rotas de fuga. Os funcionários também estão muito apreensivos", conta.
 
Na Escola Estadual Prof. Geraldo Justiniano a maioria dos alunos chegava à escola acompanhados pelos pais, eles orientavam os filhos e pediam para eles se acalmarem. Jovens chegavam em grupos com olhares desconfiados e aparente apreensão.
 
O abraço demorado dado pelos pais em seus filhos revelava o pensamento involuntário que os guiam às cenas do massacre da semana passada.
 
O pai de um dos alunos da Escola Justiniano, Roberto Susumu, acredita que ainda é muito cedo para as crianças voltarem a estudar. "Meu filho não queria voltar para a escola hoje, entendo que ainda é muito cedo para isso e nós como pais devemos respeitar o luto das crianças. É uma situação muito complicada, os professores também devem ajudar a orientar e acalmar os alunos", afirma.
 
Em frente à Escola Estadual Professora Luiza Hidaka, pais e filhos choravam ao se despedir. A dona de casa Nilza Correia é mãe de um dos estudantes da escola, ela conta que o seu filho já foi aluno da Raul Brasil e está muito abalado com a situação. "Meu filho é ex-aluno da Raul e perdeu muitos amigos no massacre, incluindo a coordenadora Marilena Ferreira. Ele esta com medo de voltar à escola", afirma.
 
O pai do mesmo aluno, Gabriel Zordan, se emociona ao falar sobre o medo das crianças em voltar a estudar. "O crime aconteceu muito perto da escola dele. Foi doloroso escutar durante o final de semana meu filho imaginando o que ele faria se algo acontecesse aqui na escola dele. Ver jovens chorando pela perda de amigos inocentes é algo que nos machuca muito. Todos estão devastados, isto é explicito", lamenta.
 
A Prefeitura de Suzano informou que orientou os professores em relação à maneira de recepcionar os alunos. Segundo o órgão, as atividades incluem a formação de grupos de discussão, estimulando a convivência com as diferenças; permitir que as crianças desenvolvam o assunto que desejarem; fazer uso da literatura, para que possam se fortalecer como indivíduos e realizar rodas de conversa que culminem em produção de conhecimento. Reuniões entre professores e pais também serão oferecidas em algumas unidades.