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Cidades

Mãe de vítima do massacre no Realengo visita Raul Brasil e aguarda audiência com Moro

Presidente da associação “Os Anjos de Realengo” participou de café e ministrou palestra na Raul Brasil

21 maio 2019 - 23h00Por Daniel Marques - de Suzano
A presidente da Associação 'Os Anjos de Realengo', Adriana Silveira, participou na manhã desta terça-feira, 21, de um café da manhã na ONG Sciences, no bairro Miguel Badra, e depois fez visita à Escola Raul Brasil. Oito anos atrás, ela perdeu a filha no massacre em uma escola do Realengo, no Rio de Janeiro. Adriana estava acompanhada da ex-deputada Keiko Ota e da professora Jussara Melo. Ota afirmou, na ocasião, que será realizada audiência com o ministro Sérgio Moro para discutir segurança nas escolas. (leia abaixo)
 
O presidente da ONG, Emerson Alexandre do Prado, recebeu Adriana na sede da entidade. De lá, elafoi até a escola Raul Brasil para ministrar uma palestra sobre bullying e violência nas escolas aos alunos da unidade, trabalho que já é realizado pela associação lá no Rio de Janeiro.
 
Durante o encontro na ONG, Adriana distribuiu exemplares do livro “Meu anjo Luiza”, que lançou no Rio de Janeiro. O livro conta um pouco sobre a personalidade de Luiza Paula da Silveira, uma das vítimas do massacre na escola Tasso da Silveira, que vitimou 12 pessoas em abril de 2011. Algumas fotos e desenhos da menina também ilustram a obra, que é distribuída gratuitamente.
“Vim trazer um pouco de amor e calor humano que eu recebi quando perdi minha filha”, disse.
 
Adriana contou que, inicialmente, a ideia era de escrever um livro voltado aos adolescentes, mas que mudou de ideia durante uma das palestras que ministrou. "Conheci uma criança de 5 anos que não comia e não queria ir para a escola porque sofria bullying porque era meio gordinha, e não estava suportando mais. A partir dali, preferi fazer o livro destinado aos pequenos", revelou.
 
Professora
 
A professora Jussara Melo, que dava aula na escola no momento do massacre, disse que nunca mais retornou ao Raul Brasil desde aquele dia, nem mesmo para buscar documentos. Ela está passando por atendimento psicológico para superar o trauma.
Jussara também disse que alguns professores ainda sentem medo de trabalhar. "É preciso dar tempo para que eles voltem à escola e se sintam seguros. É necessário um trabalho longo para isso acontecer", contou. Após o café, a presidente da associação de Realengo, Adriana, foi para a escola Raul Brasil para dar uma palestra no prédio. No entanto, a imprensa não pôde acessar o local.

Ofício vai pedir reunião para tratar de segurança nas escolas

A ex-deputada Keiko Ota aproveitou o encontro para dizer que protocolará, em Brasília, um pedido de familiares das vítimas do massacre do Realengo e do massacre do Raul Brasil. 


Segundo ela, a ideia é conseguir uma audiência pública com o ministro da educação, Abraham Weintraub, e também com o ministro da justiça, Sérgio Moro, com o objetivo de fazer pedidos em favor da segurança nas escolas.


"Conversei com as mães de Realengo e também daqui de Suzano. Estamos marcando um encontro com o Sérgio Moro e levaremos o problema para que ele nos ajude nesse movimento", disse a ex-deputada.


“Nós precisamos cuidar dessas crianças, e as psicólogas devem ficar atentas nas escolas. Se algo de anormal tivesse sido detectado com esses jovens (que atiraram nas escolas) quando eles eram crianças, os massacres poderiam ter sido evitados. Esses crimes são raros ainda, mas não podem se tornar comuns”, emendou.


Adriana Silveira, que perdeu a filha Luiza no massacre de Realengo, disse que está pensando em ideias, com o intuito de fazer com que as crianças olhem para as pessoas com "mais carinho". Um dos projetos é de levar os jovens aos asilos e orfanatos. 


Segundo ela, essa ação está sendo pensada juntamente com a professora Jussara Melo, que estava no Raul Brasil no momento do massacre em Suzano. Elas mantiveram contato pela internet durante dois meses, e se conheceram pessoalmente no café.


"As crianças precisam ver o próximo com outro olhar, para que entendam como será o amanhã. Estamos querendo uma lei para que as escolas possam ter uma ação assim, e que aconteça, pelo menos, uma vez por ano", disse Adriana.


“Já fiz o convite à professora Jussara, para que ela esteja comigo em Brasília. Levaremos o projeto e escutaremos o que eles têm a nos dizer. É isso que nós queremos, psicólogos nas escolas para detectar essas situações. Nossos filhos não são objetos, eles têm vidas”, concluiu.