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Cidades

Raul Brasil: PMs evitam rótulo de heróis, mas agradecem reconhecimento público

Policiais militares que atenderam ocorrência concederam entrevista ao DS ao vivo na semana passada

23 março 2019 - 23h00Por Aline Moreira - de Suzano
Os policiais que atenderam a ocorrência do massacre na Escola Raul Brasil, no último dia 13, foram recebidos no Programa DS Entrevista e contaram o passo a passo da ocorrência. Apesar de terem sentido o reconhecimento popular, eles descartaram o rótulo de heróis. Cumprimos nossa missão. Fizemos nosso trabalho”.
 
Estiveram na entrevista os cabos Diniz (Vantuir Rodrigues Diniz) e Ariana (Ariana Aparecida da Silva Torres), o sargento Camargo (Anderson Luiz de Camargo) e o policial Eduardo (Eduardo Andrade Santos). A entrevista foi na última quarta-feira (20), uma semana após a tragédia. 
 
Os policiais foram os primeiros a atender a ocorrência de tiroteio dentro da escola. Minutos antes, os mesmos haviam acompanhado o incidente com o dono de uma locadora de carros, que posteriormente foi identificado como tio de um dos atiradores. Durante a entrevista, os três contaram como foi o desdobramento do caso, os momentos de tensão dentro da unidade escolar no momento da tragédia e os dias após o atentado. 
 
De acordo o sargento Camargo, o dia começou cedo, por volta das 4h30. Pela manhã, estiveram presentes em uma reintegração de posse em Itaquaquecetuba e em seguida voltaram a Suzano para iniciar o patrulhamento na área.
 
Ao chegarem na cidade, foram à uma padaria para tomar café da manhã. Segundos após terem feito os pedidos, foram chamados para atender uma ocorrência em uma locadora de veículos. 
 
Os dois policiais chegaram a pé no local, enquanto a cabo Ariana se deslocou para buscar a viatura policial. Ambos prestaram os primeiros atendimentos à vítima - que havia levado três tiros - colheram as informações sobre o atirador e saíram em busca do suspeito.
 
A primeira informação que tinham no momento é que o indivíduo havia fugido em um carro branco. Metros à frente, se depararam com um carro que combinava com as informações das testemunhas e que estava estacionado em frente à escola Raul Brasil. Foi nesse instante que perceberam que algo estava acontecendo na instituição.
 
"Entramos na escola com um escudo balístico e até então, não sabíamos quantos atiradores estavam dentro do local", afirma o sargento Camargo.
 
Após caminharem alguns metros e se depararem com os corpos das vítimas, encontraram o policial militar Eduardo, que estava à paisana e prestando auxilio aos estudantes.
 
"Continuamos nossa progressão e encontramos os suspeitos na parte de trás da escola. Encontramos também, estudantes escondidos e demos retaguarda para que todos pudessem correr. Esse nesse momento que ouvimos dois disparos e vimos que ambos os atiradores estavam mortos no chão", recorda. 
 
Apesar da rápida ação da polícia para cessar o tiroteio - menos de 10 minutos depois que os disparos começaram -, o sargento Camargo e os demais policiais dispensam o título de herói que foi empregado a eles pelos sobreviventes.
 
"Agradecemos a todos, mas fizemos o que devíamos ter feito. Se tivéssemos chegado minutos mais cedo, iríamos conseguir entregar mais filhos as suas mães e mais mães a seus filhos. Se tivemos salvado a todos, a ocorrência seria 100%, aí sim iríamos gostar do título de heróis. Ali, a gente fez tudo o que a gente podia", conta a cabo Ariana. 
 
‘Foi a ocorrência mais difícil’
 
"Foi a ocorrência mais difícil das nossas carreiras", conta o sargento Camargo durante a entrevista. De acordo com ele, os atiradores pretendiam fazer mais vítimas tendo em vista o vasto arsenal de armas que portavam.
 
"Eles não iam parar se a gente não tivesse chegado. Ficamos sabendo depois que haviam muitos estudantes trancados nas salas. Um deles chegou a deferir golpes de machadinho na porta para atacar os alunos", relembra. 

Camargo ainda enfatiza que gostaria de ter chegando minutos antes para atender a ocorrência e quem sabe, impedir a ação dos atiradores. "Isso nos deixa chateado, mas não tínhamos como chegar mais cedo, pois precisávamos prestar atendimentos a primeira vítima do massacre, que era o tio do Guilherme", explica. 
 
‘Todos estavam assustados’
 
"Me recordo quando o tiroteio cessou e eu e o cabo Diniz fomos para salas de aula liberar os alunos e professores. Todos estavam assustados demais e não queriam abrir a porta. Eu tentei abrir algumas vezes e percebi que eles haviam feito uma barricada com mesas e cadeiras, quando consegui mostrar a minha boina, eles abriram a porta", conta. 

A cabo Ariana parabenizou todos os professores e professoras que protegeram seus alunos no momento do desespero. Parabenizou também as funcionárias da merenda, que salvaram juntas, mais de 50 estudantes. 
"Lembro deles passando por mim desesperados. Lembro também de um alunos agradecendo a Deus por estar vivo", felicita. 
 
‘Jamais imaginaria essa situação’
 
"Jamais imaginaria que uma situação como essa iria acontecer no Brasil. Que iria acontecer em Suzano e que iria acontecer em uma escola tão tradicional na cidade, na qual eu fiz estágio na época da faculdade. Mesmo diante do cenário de horror, um garoto, de 12 anos, parou no meio do caos, pegou minha mão e me agradeceu", recorda. 

O momento relatado por Diniz aconteceu minutos depois que os policiais entram na escola. O garoto Gabriel mandou ainda um áudio para o policial agradecendo-o novamente pelo ato, na visão dele, heróico. 
"Não imaginei que haviam tantas crianças acuadas dentro das salas. Não tem nada que pague aquele reconhecimento imediato", diz. 
 
‘Vi estudantes pulando o muro’
 
 
 
"Sofri um acidente em janeiro e desde então estou afastado da polícia. No dia dos fatos, estava sentado na garagem da minha casa e escutei um três disparos, mas não sabia de onde vinha. Percebi que era na escola quando vi estudantes pulando o muro", conta. 

Eduardo entrou na instituição no momento do tiroteio. Ele foi armado até o local e encontrou uma das vítimas fatais ainda com vida. "Quando eu entrei comecei a perguntar para os alunos o que estava acontecendo. Vi feridos no chão e tentei contato com eles, a que me respondeu era a inspetora Eliana", recorda emocionado. 

Após esse momento, Santos encontrou um dos atiradores na parte de trás da escola, que chegou a fazer um disparo em sua direção.

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