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Jornal Diário de Suzano - 26/07/2024
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Coluna

Breves Iniciativas sobre Agricultura Urbana e seus Ensinamentos

04 agosto 2021 - 05h00


Durante a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, a população dos países envolvidos nos conflitos foi convocada a colaborar ainda mais com os esforços de guerra, reduzindo a pressão sobre a oferta de alimentos. Assim surgiam os "jardins da vitória" nos quintais das residências. Segundo Michael Pollan, a produção dessas hortas chegou a representar até 40% do consumo de produtos agrícolas nos EUA.
Algumas décadas mais tarde, com o crescimento das grandes centros urbanos e o aumento do preço da terra urbana, o plantio de alimentos e os cinturões verdes distanciaram-se das cidades e o contato das pessoas com os alimentos in natura diminuiu. Atualmente tem criança que não sabe que a cenoura nasce na terra e que o leite não é gerado em caixinhas. A pressa cotidiana também afastou as pessoas do conhecimento culinário, do preparo do alimento, e aproximou-as dos "deliveries" e do "fast food".
No entanto, tem surgido uma série de iniciativas para aproximar o cidadão do seu alimento, desde o plantio, passando pelo processamento até a compostagem das sobras.
Em 1973, em Nova Iorque, a artista e ativista Liz Christy juntou os amigos e criou, nos terrenos abandonados do bairro de Lower East Side, um Jardim Comunitário, dando origem ao que ficou conhecido como movimento de Guerrilha Verde ("green guerrilla"). Suas armas eram a boa terra, sementes diversas e de qualidade, mudas saudáveis e abelhas sem ferrão e os resultados eram a integração e o fortalecimento comunitários.
De lá para cá surgiram várias iniciativas no mundo. Ron Finley, por exemplo, morador de um bairro degradado de Los Angeles, considerado "deserto alimentar", abastecido somente por lojas de bebidas e de fast-food, resolveu também com a ajuda de amigos e vizinhos, plantar alimentos no espaço da calçada em frente à sua casa. A prefeitura até reclamou, porque a calçada é área pública, mas ainda assim a iniciativa expandiu-se muito e rapidamente. Segundo Ron Finley, "manipular a terra é um ato de rebeldia profundamente terapêutico".
Em Todmorden, na Inglaterra, hortas comunitárias foram polinizadas por toda a cidade. Segundo Pam Warhurst, líder do processo, essa "jardinagem de guerrilha" envolveu toda a comunidade, identificando aqueles com aptidão para plantar, disposição para colher e habilidade para cozinhar, além de gerar receita financeira com o turismo de gente que visitava a cidade para conhecer o "incrível caminho verde comestível", que passa por toda a cidade.
Em South Bronx, nos EUA, o professor Stephen Ritz ajudou seus alunos a plantar mais de 10 toneladas de hortaliças e percebeu os impactos positivos desse movimento tanto na saúde e na educação quanto na sociabilidade, na renda das famílias e na própria paisagem urbana que passou da aridez do cinza para a suavidade e frescor do verde.
Com essas iniciativas é possível observar que:
" Em algumas situações a Agricultura Urbana surge como necessidade, em decorrência da fome e da guerra; em outras situações surge como insurgência urbana de grupos "guerrilheiros" dispostos a ocupar áreas desocupadas desde calçadas até grandes terrenos para reaproximar a comunidade da terra vida, geradora de alimento;
" Essas experiências indicam que, iniciada e mantida em coletivamente, a Agricultura Urbana é capaz de fortalecer os vínculos sociais, comunitários, reduzir o desperdício de áreas baldias, embelezar a cidade e ainda pode, de quebra, gerar renda. Que essas experiências inspirem-nos a buscar um novo normal diante da "mutação climática" e da crise sanitária.