O abade perguntou ao aluno preferido como ia seu progresso espiritual.
O aluno respondeu que estava conseguindo dedicar a Deus todos os momentos de seu dia, mas o sábio fez uma ressalva: "Então, falta apenas perdoar os seus inimigos".
O rapaz, chocado, retrucou: "Mas não tenho raiva de meus inimigos!" e, de imediato, foi instigado com uma indagação:
"Você acha que Deus tem raiva de você?" O aluno respondeu com convicção: "Claro que não!", e o abade concluiu:
"E mesmo assim você pede Seu perdão, não é verdade? Faça o mesmo com seus inimigos, mesmo que não sinta ódio por eles.
Quem perdoa está lavando e perfumando o próprio coração".
Amigo leitor, se não consegue perdoar alguém nesta fase da vida, talvez o tempo possa fazer essa função daqui alguns anos.
No meio da floresta, um lenhador serrava um velho e altivo pinheiro.
A cada golpe do machado, a árvore gigante tremia e praguejava contra o aço duro e frio que lhe despedaçava o flanco.
Era uma árvore velha muito resistente. Pouco depois, o lenhador inseriu uma grande cunha de madeira no corte para acabar de quebrar o tronco.
Desfechou uma martelada na cunha e, entre grandes rasgões e lascas, o nobre pinheiro tombou, chocando-se ruidosamente contra o chão.
Enquanto caía, gemeu: "Como posso culpar o machado, que não é da minha espécie, e não essa cunha malvada, que é minha própria irmã?"
A verdade é que dói menos o ataque de um desconhecido que o de um ente querido.