Atualmente, a Polícia Civil do Estado de São Paulo tem em seus quadros 29.769 profissionais, sendo 2.559 delegados na ativa. Deste número, 2.061 são homens e 498 são mulheres, ou seja, a cada 4 delegados homens, uma é mulher. Os dados são do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp). Apesar das conquistas femininas numa carreira (a de delegado) que foi tipicamente masculina no passado, a realidade mostra que há muito espaço ainda a ser ocupado para uma maior representatividade e igualdade.
Exemplo disso é que, das 498 delegadas bandeirantes na ativa, apenas 17 estão na classe especial - o topo da carreira. São 180 delegadas de primeira classe no estado de São Paulo; 225, na segunda; e 72, na terceira. Apenas delegadas de classe especial e com atuação em cargos diretivos podem tomar assento no Conselho da Polícia Civil (CPC) - órgão consultivo do delegado-geral, de alto escalão e que tem a missão de propor importantes medidas e normas que envolvem a carreira policial:
“Hoje, temos 4 delegadas neste Conselho. É um avanço, se considerarmos que, por muitos anos, não havia nenhuma. São delegadas que estão à frente da Acadepol (Academia da Polícia Civil), do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Corregedoria e no Gabinete do delegado-geral”, detalha a presidente em exercício do Sindpesp, Márcia Gomes.
Para Márcia, o cenário na Polícia Civil espelha a realidade das mulheres brasileiras, que são maioria da população, têm conquistado mais espaços nas mais diferentes profissões, mas ainda são minoria nos altos escalões, na administração superior, seja na iniciativa privada, ou na carreira pública:
“A mulher precisa ter seu valor reconhecido e ser respeitada em todas as esferas da sociedade. Por outro lado, quando analisamos friamente os números que temos, dentro e fora da Polícia Civil, percebemos que ainda há um longo caminho pela frente. Comemoramos as conquistas, é claro, mas ainda há muito o que desbravar”, considera a sindicalista.
A preocupação da linha de frente do Sindpesp tem lógica. Dos 29.769 policiais civis paulistas, 21.836 são homens e 7.843 são mulheres, ou seja, a cada 3 policiais homens, há 1 mulher. Destas, excetuando as delegadas, são 7.843 na ativa em funções diversas, como escrivãs (2.112), investigadoras (1.008), agentes de telecomunicações (612), peritas criminais (465), agentes policiais (461) e setoristas administrativas (1.006). Reforçam as equipes papiloscopistas e auxiliares; fotógrafas e desenhistas técnico-policial; auxiliares de necropsia; atendentes de necrotério policial; e médico-legistas:
“Temos de reconhecer que, mesmo num ambiente ainda predominante masculino, a Polícia Civil, na vanguarda das instituições de Segurança Pública, proporciona oportunidade para a mulher demonstrar o seu talento, sua sensibilidade e seu profissionalismo na investigação criminal e na Polícia Judiciária. Um contingente feminino se dedica, todos os dias, à proteção da população paulista, nas mais diversas especialidades. As policiais enfrentam os mesmos riscos que os homens, lidam com a violência e são expostas ao perigo”.
Márcia lembra ainda, que, não somente no dia a dia em Delegacias e nos plantões que as mulheres vêm avançando sobre o território masculino. Isso também acontece à frente de entidades de classe. O maior exemplo é o próprio Sindpesp, que tem pouco mais de 30 anos de existência:
“O sindicato, como entidade representativa dos delegados de Polícia, em sua história recente, elegeu a primeira presidente, a delegada Raquel Gallinatti, por dois mandatos consecutivos e, na última eleição, deu vitória à uma chapa encabeçada por mulheres”, destacou Márcia, que concorreu como vice da presidente eleita, a delegada Jacqueline Valadares.