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Cidades

Nomofobia: o vício em celular cresce cada vez mais entre crianças e adolescentes

O uso excessivo do aparelho pode causar dependência emocional, alerta psicóloga

24 fevereiro 2023 - 16h31Por De São Paulo

Você já ouviu falar da nomofobia? O termo tem como origem a expressão em inglês "no mobile", junto a palavra fobia, ou seja, é o medo extremo de ficar sem o celular.

O problema é caracterizado por uma ansiedade intensa e forte angústia provocadas pela falta do smartphone e pela necessidade constante e obsessiva de conferir o dispositivo e estar sempre conectado, checando a todo momento notificações, aplicativos etc.

Apesar de não ser considerada um transtorno mental, a nomofobia pode afetar a saúde e o desenvolvimento dos jovens.

Segundo a pesquisa “Tic Kids Online Brasil 2021”, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), a utilização das redes sociais é uma das atividades online que mais cresceram entre crianças e adolescentes. Em 2021, 78% dos usuários de internet com idades entre 9 e 17 anos acessaram esse tipo de plataforma, um aumento significativo em relação a 2019, quando o percentual era de 68%.

O estudo indica, ainda, que a proporção de jovens com perfil no instagram avançou de 45%, em 2018, para 62%, em 2021. E o celular segue como o principal meio de conexão à rede nas diferentes classes sociais. 

De acordo com a psicóloga da Clínica Maia Mariete Duarte, o uso abusivo do celular pode ser comparado a outros vícios perigosos.

“A utilização do smartphone leva à liberação de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar. Com esse uso excessivo, o corpo ativa a substância com mais frequência e pode gerar uma dependência emocional. E sair desse vício é tão difícil quanto se livrar da dependência relacionada ao álcool e outras drogas”, alerta.


Vale ressaltar que a nomofobia pode ser um fator bastante nocivo na infância e na adolescência, pois nesse período o cérebro ainda não desenvolveu totalmente as habilidades cognitivas.

“O problema pode acarretar nervosismo, agitação, ansiedade e angústia, que, muitas vezes, são sintomas frequentes no dia a dia do jovem. Por isso, é preciso supervisão dos pais e um diálogo aberto em casa, visando não só identificar o vício, como também conscientizar crianças e adolescentes sobre o uso de dispositivos eletrônicos”, destaca Mariete.

Combatendo o vício

Hoje em dia é cada vez mais difícil se desligar das telas. Por isso, a psicóloga dá algumas dicas importantes.

“O celular possibilita comunicação e facilidade nas atividades cotidianas, porém é necessário ter cuidado. Algumas ações simples, mas importantes, podem educar e prevenir a utilização abusiva de dispositivos eletrônicos. Uma dica valiosa é acostumar a criança e/ou o adolescente a fazer as refeições sem o uso de dispositivos (e os pais, claro, têm que dar o exemplo)”, pontua a psicóloga.

A especialista aconselha também a não deixar que o jovem vá para cama com o dispositivo, uma vez que essa prática pode afetar seriamente a qualidade do sono.

“A luz azul do aparelho bloqueia a produção de melanopsina, um fotorreceptor que ajuda na regulamentação dos ritmos circadianos e regulam o organismo”.

Além disso, ela contribui para um sono desregulado, o que resulta em dificuldades na hora de dormir, irritabilidade durante o dia, podendo causar ansiedade, sonolência, fadiga e até problemas de memória”, explica Mariete.

De acordo com a psicóloga, é importante, portanto, que pais acompanhem o comportamento dos seus filhos, monitorem e controlem o uso do aparelho.

“Nessa hora, algumas medidas podem ajudar, tais como: desativar as notificações do celular em alguns momentos, estabelecer horários para os jovens usarem o aparelho, utilizar o alarme analógico como despertador (assim evita que o celular fique próximo à cama) e incentivar atividades que dispensem o uso de smartphones (passeios, brincadeiras sadias e atividades físicas são alguns exemplos de como tirar as crianças e adolescentes de frente das telas)”, finaliza.