Dois amigos conversavam e um deles se queixava da incompreensão das pessoas, das agressões verbais, dos desentendimentos.
Isso o revoltava e ele dizia invejar a serenidade e o equilíbrio do interlocutor.
"Qual é o segredo?" perguntou. "Não existe segredo, somente paixão pela vida e esforço contínuo para aprender", respondeu o outro.
"Aprender o quê?"
"A aceitar as pessoas, mesmo que elas nos desapontem quando não aceitam os ideais que escolhemos.
Quando nos agridem e nos ferem com palavras e atitudes impensadas", respondeu.
"Mas é muito difícil aceitar pessoas assim".
Pacientemente, explicou: "É verdade. É difícil aceitá-las como elas são e não como gostaríamos que elas fossem. Mas qual é o nosso direito de mudá-las?"
A réplica veio na hora: "E como você consegue?" A resposta foi profunda:
"Estou aprendendo a amar. Estou aprendendo a escutar, mas não apenas com os ouvidos, também com os olhos, com o coração, com a alma, com todos os sentidos. Assim como você pode ler as entrelinhas de um texto, pode ouvir coisas entre as frases de uma conversa corriqueira, banal, que somente o coração pode ouvir.
Não raro, há angústia e desespero disfarçados, insegurança escondida em palavras ásperas, solidão fantasiada na tagarelice.
Aos poucos estou aprendendo a amar, e amando estou aprendendo a perdoar. Perdoando, apago as mágoas e curo as feridas sem deixar cicatrizes nos corações magoados e tristes.
Estou tentando ser assim, nem sempre consigo, mas estou tentando".