Patrimônios do Alto Tietê, as igrejas da região se destacam por suas histórias e também pela beleza arquitetônica. Uma das que se destaca é a Igreja Nossa Senhora D’ Ajuda, a Matriz de Itaquaquecetuba, cuja inauguração ocorreu em 8 de setembro de 1624, 64 anos depois após a criação do município.
Ela está localizada no Centro da cidade, na Praça João Álvares. No mesmo terreno estão instalados dois prédios da igreja: o novo segue o padrão mais moderno e o mais antigo, construído por taipa de pilão, bem menor que a nova estrutura. A igreja é um símbolo das passagens dos índios Guaianases e Jesuítas no local. Por lá, ocorrem atividades e eventos sobre o tema, como a Dança de Santa Cruz.
Lá encontramos o ajudante geral Edson de Oliveira, que é evangélico. O fato de visitar uma igreja católica não faz diferença para Oliveira. Na sua visão, não existe distinção nos olhos de Deus. “Seguir Deus é o mais importante. Não existe essas coisas. O importante é seguir Jesus e seguir adiante. Ter fé e coragem para seguir em frente”, afirma.
De acordo com a Secretaria de Cultura do município, a igreja é considerada patrimônio histórico pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), “por sua relevância arquitetônica do seu complexo”. A pasta também valoriza as lembranças de cada fiel em matrimônios, batismos, missas e até apresentações culturais.
Cartão postal de Suzano, a Matriz de São Sebastião é uma igreja jovem, mas carrega muita história. No início, era apenas uma capela e pertencia aos irmãos Antônio e Thomé Marques Figueira, que a construíram em 1897. A capela foi demolida em 1950 e deu espaço ao novo templo, mais espaçoso por conta do crescimento do número de habitantes. Na época, Suzano tinha 11 mil habitantes e a demolição causou muita tristeza para os fiéis. Atualmente, a igreja tem a capacidade de receber 700 fiéis. “É uma igreja bem sólida, moderna e com ótima localização”, afirma Claudio Taciano, padre da Matriz.
O secretário de Cultura de Suzano e vice-prefeito, Walmir Pinto, ressalta que o Brasil possui diversas manifestações culturais provenientes de um encontro entre a fé e costumes regionais. É neste sentido a sua visão sobre a Matriz de São Sebastião. “É refletir sobre a importância de todas as matrizes religiosas para caminhar em direção a uma sociedade que aceite a sua pluralidade cultural, religiosa e humana”.
O bispo da Diocese de Mogi das Cruzes, Dom Pedro Luiz Stringhini explica que a região conta com paróquias históricas e outras que se destacam pela beleza. “As igrejas que chamam mais atenção são as que possuem uma aparência mais nórdica e românica A arquitetura moderna é belíssima, mas as antigas são mais atrativas em termos de beleza”, explicou.
Stringhini destaca três pilares fundamentais para a preservação das estruturas. “O religioso, arquitetônico e por suas histórias”.
Entre elas, está a Catedral de Sant’Ana, a Matriz de Mogi das Cruzes. A igreja é o marco do início do povoamento da cidade, no final do século XVI (entre 1580 a 1590) e carrega o nome da padroeira da cidade. Com o passar do tempo, a igreja se tornou um templo mais ornamentado no século XIX.
Na década de 50, uma forte chuva abalou a parte lateral da estrutura. Ela foi demolida e uma nova estrutura foi erguida, desta vez, com um estilo arquitetônico diferente, passando a ser um templo românico, no qual se mantém até hoje. A obra foi finalizada na década de 60. Para a Secretaria de Cultura do município, a igreja tem grande relevância não só para Mogi das Cruzes, como para o Alto Tietê, "sendo um dos principais símbolos da cidade, pois foi a partir dela que se iniciou o povoamento de Mogi das Cruzes".
Em Poá, destaca-se a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Centro. Ariel Borges, secretário municipal de Cultura, Esporte e Turismo da cidade valorizou a importância da igreja para o município. No local, há um busto de Padre Eustáquio, primeiro padre da cidade. “Isso se dá pela identificação existente entre a chegada do Padre Eustáquio em nossa cidade e sua construção, consequentemente, tendo relação direta com o número de fiéis que começaram a chegar em Poá, muito em virtude dos milagres atribuídos ao beato e a água batizada existente na gruta instalada no local”, conta.
A peregrinação de fiéis na cidade, vindo dos quatro cantos do país, contribuiu para o crescimento e desenvolvimento de Poá, entre o final da década de 30 e início dos anos 40 e potencializou o município economicamente e culturalmente. “A Igreja Nossa Senhora de Lourdes é um marco e símbolo cultural para nossa querida cidade e a história de sua construção é contada até hoje com muito orgulho por nós poaenses”, conclui.
Ferraz de Vasconcelos conta com a Paróquia Nossa Senhora da Paz, localizada na Vila Romanópolis, fundada em maio de 1954. Assim como em Itaquá, dois prédios ocupam o mesmo terreno. É a mais importante igreja da cidade e da região. Bastante frequentada por Laurita Pereira de Souza, que destaca a aliança com a fé para superar este período da pandemia. Ela foi infectada pelo coronavírus (Covid-19). “Se não tivermos fé em Deus, o que será da nossa vida? Graças a Deus não fiquei muito mal. Eu tenho muita fé em Deus e se não fosse minha fé nele eu não estaria aqui”, disse.
No mesmo município, existe a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Correa. Por lá entrevistamos o pároco Antonio Rodrigues, que refere a igreja como uma “filial” da Nossa Senhora da Paz. Rodrigues também destaca a importância da fé neste período. “Ela foi desmembrada da paróquia do Centro. É filha da igreja do Centro. É uma paróquia que está sendo finalizada. A fé é a base e também ilumina e precisa estar acompanhada do aspecto humano. Precisa manter esse equilíbrio”, finalizou.
O Alto Tietê possui ainda outras igrejas históricas como a Nossa Senhora da Piedade (Baruel -Suzano), Capela Santo Alberto e Santuário Bom Jesus (Mogi das Cruzes) e Nossa Senhora da Escada (Guararema).




Patrimônios do Alto Tietê, igrejas se destacam por suas histórias e também pela beleza arquitetônica - (Foto: Regiane Bento/DS)




