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Jornal Diário de Suzano - 07/05/2024
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Coluna

A dura vida dos excluídos

22 novembro 2022 - 05h00

Por vezes reclamamos dos pequenos percalços que nos atingem, seja um problema de saúde que resolvemos indo ao médico e nos medicando corretamente, seja a dificuldade financeira, que atualmente atinge a maioria de nós, seja assalariado ou aposentado, face à inflação medida diretamente nos caixas de supermercados e farmácias, onde tudo aumenta diariamente, seja por conflitos com familiares ou no ambiente de trabalho e até mesmo com nossa vizinhança. 
Problemas estes que podemos solucionar com os familiares com diálogo e paciência, no trabalho com mais entendimento e com a vizinhança que por vezes abusa do som alto que nos persegue madrugada adentro ou nos finais de semana que pretendemos descansar, podemos reclamar nos órgãos públicos responsáveis por repreender e até autuar financeiramente quando uma boa conversa não funcionar.
Por mais difíceis que aparentem ser nossos problemas por vezes eles tem fácil solução.
Entretanto, por vezes temos que alongar mais o nosso olhar para aqueles que não têm sequer um local para morar, para descansar o corpo cansado após um banho relaxante, esses que moram nas ruas, vivem da caridade alheia, que nem sempre os enxerga...
Apesar dessa vida triste e difícil essas pessoas sempre tem um sorriso estampado no rosto esquálido e sem dentes quando recebe a ajuda de alguém, por menor que seja e, na maioria das vezes ainda consegue com toda dificuldade em que vivem tratar com carinho dividindo a pouca alimentação que conseguem com seus companheiros de quatro patas, que os protegem enquanto dormem nas marquises e nas calçadas.
Se olharmos um pouco mais longe, na periferia, nas beiras dos córregos e dos rios veremos amontoados de madeira ou de papelão que a princípio nem vamos entender bem do que se trata, mas, ao olharmos com atenção perceberemos que sim, se tratam de moradias ou locais onde se abrigam famílias, que se amontoam em cubículos onde a luz do Sol passa com facilidade assim como a da Lua e, por consequência a água da chuva também por esses vãos tem acesso e, esses seres excluídos devem se amontoar onde a água não os alcance. Ficam sem ter onde cozinhar o pouco alimento que conseguem quando a chuva cai, pois, o fogão está do lado de fora desses míseros barracos, se é que podemos chamar de fogão dois blocos de cimento mal alinhados, onde gravetos proporcionam o calor que cozinha alguma coisa numa panela toda retorcida pelo uso contínuo.
Suas roupas na realidade são farrapos, um dia foram bonitas e vistosas, mas, desgastadas pelo uso contínuo em seus corpos mirrados e sem os cuidados de um banho frequente ou de um mínimo de limpeza se desgastam mal cobrindo o essencial, mesmo em dias frios e úmidos.
Ali qualquer doação tem um valor imensurável...
Quando estendemos as mãos oferecendo o alimento pronto e quente, braços se estendem em nossa direção e olhares cheios de agradecimento se fazem acompanhar de desejos de que muitas bênçãos nos atinjam, sem deixar de perguntar se não temos algumas roupas para lhes dar, pois, nesses locais carecem de tudo, desde o básico como água e luz, que temos como prioridade em nossos lares.
A moça magra agradece inúmeras vezes o alimento recebido e, após entrar naquilo que chama de casa, surge num vão com seu sorriso sem dentes, repetindo as bênçãos para que possamos ajuda-los outras vezes.