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Jornal Diário de Suzano - 08/05/2024
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Coluna

Noventa anos

08 novembro 2022 - 05h00

Uma marca forte na vida das pessoas... Comemorar com saúde, alegria, disposição no meio da família barulhenta seus noventa anos...
Quantos de nós chegaremos lá? E principalmente com a disposição dessa tia querida, que ainda nos ouve, nos aconselha, conta histórias da família nos proporcionando motivos de muita alegria, afinal as histórias da infância dela é no meio dos irmãos, e meu pai era um deles...
Saber que eram sapecas, mas cheios de responsabilidade, que minha avó mesmo tendo ficado viúva cedo não perdeu a autoridade com os filhos e todos a obedeciam e colaboravam com o cuidado com os mais novos, entre esses se incluía minha tia...
Saber por ela que todos gostavam de pescar e nadar nos rios da região, coisa de nos fazer inveja, afinal só pescamos em pesqueiros e rio é só para olhar por conta da quantidade de poluentes que hoje o compõem...
Que saiam de manhãzinha munidos de finas varas de bambu, linha e anzol e caminhavam até chegar às margens do rios, onde montavam o equipamento de pesca e se dedicavam a pescaria, que seria a mistura do almoço.
Quando conseguiam uma quantidade suficiente para o almoço e até para a janta, passavam a mergulhar nas águas limpas dos rios, era assim que aprendiam nadar, na raça, sem professor, um seguindo o outro.
Das prosas de minha bisavó com minha avó na beira do fogão de lenha ao anoitecer, fazendo planos e se preparando para o dia seguinte, quando novamente teriam que alimentar todas aquelas boquinhas, sempre prontas para comer.
Da quantidade de costura que minha avó dava conta diariamente, para ajudar nas despesas da casa, pois, já naquele tempo a pensão não era suficiente para manter a família com tranquilidade.
Convivi muito pouco com minha avó, faleceu quando eu ainda era pequena, então podemos conhecer quem foi essa mulher determinada e forte que criou nove filhos sozinha, pois, ficou viúva cedo, que deixou exemplos para todos os filhos e por era sempre lembrada.
Foi ela que determinou que suas três filhas fossem estudar e ter um diploma para não dependerem de ninguém, e assim minhas tias eram normalistas e uma contabilista.
Os homens buscavam sua formação na ferrovia, onde meu avô havia trabalhado muitos anos como chefe de estação e era muito bem conceituado...
Minha tia era só alegria, feliz com seu único filho, ali a paparicando, os netos e netas, e já alguns bisnetos e bisnetas...
Seu olhar vivo se estendia por todos nós da família, preocupada que todos nos alimentassem bem, que tomássemos os devidos cuidados na volta com o trânsito da cidade.
E ela é sempre assim, quando vamos à sua casa sempre tem uma comidinha gostosa no fogão ao um delicioso café para acompanhar as longas conversas, os conselhos, as memórias...
Oxalá todos possam chegar nessa idade com a lucidez e o entendimento dela, que passou anos em salas de aula ensinando as primeiras letras para inúmeras crianças, sem perder os sonhos, revitalizando-os diariamente e hoje feliz contabiliza ainda muitos ex-alunos que a visitam e que tem saudade dos bancos escolares e da sua maneira de ensinar.
Parabéns tia querida, que venham outras comemorações assim alegres e cheias de vida sempre com boas lembranças...