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Jornal Diário de Suzano - 04/05/2024
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Coluna

Um tema significativo

14 novembro 2023 - 05h00

O ENEM deste ano fez os jovens alunos estender um olhar mais atento para aquelas pessoas dentro de sua própria casa que muitas vezes sequer são notadas, no caso, na maioria, por ainda serem adolescentes, as suas mães.
Muitas mulheres hoje são independentes, trabalham fora do lar e até não constituem família para manter sua independência, entretanto, esse não é o caso da maioria delas que estudam o básico sem se aprofundar e após iniciar um relacionamento acabam ficando responsáveis pelos cuidados com a própria casa, com filhos que chegam e com o trabalho que exerce fora de casa, seja como doméstica, como balconista, cozinheira e outras funções que exigem especialização e dividem com homens atualmente.
Se cuidarem do próprio lar e das pessoas que a ele pertence, na maioria das vezes não é notada, tudo é sua função, não recebe nenhum elogio ou ajuda, afinal só cuida do lar que engloba manter alimentos preparados no horário, roupas lavadas, casa limpa, levar filhos para a escola e os buscar após o período letivo, fazer compras e inúmeras vezes cuidar dos idosos da família sejam pais ou sogros, sem deixar de dar atenção aos próprios filhos e ao companheiro... Parece pouco, mas, é só uma mulher para dar conta de uma gama infinita de afazeres diários rotineiros, que depois de feitos ninguém nota, pois, faz parte da rotina...
As pessoas ao redor só irão perceber se ninguém os fizer, tornam-se relevantes e extremamente necessários e, é certo que nesse momento os moradores da casa perceberão quanta falta faz essa mulher que sabe onde tudo está guardado e sabe lidar com as dificuldades próprias de cada um...
Atualmente muitas dessas mulheres exercem atividades fora do lar também, colaborando na manutenção financeira dele, travando fora de casa uma batalha de igual valor com seu companheiro, no entanto, ao findar seu dia na labuta extra casa, todas as obrigações rotineiras de um lar a aguarda... A roupa não foi lavada e passada, os filhos precisam de ajuda com os deveres escolares, a limpeza está por ser feita e principalmente a faina diária engloba a alimentação que não pode faltar e é ela quem deve se encarregar da função de prepara-la.
O companheiro muitas vezes sai do trabalho e se encontra com os amigos para espairecer do dia intenso que teve, toma um aperitivo e chega a casa na hora do jantar que já estará pronto à sua espera, depois vai para o sofá assistir TV sem se preocupar em ajudar nas tarefas que entende ser exclusivamente femininas.
Os filhos também não estendem esse olhar, buscando sentir a necessidade de ajudar, de facilitar a vida dessa mulher de rotina desgastante.
As mulheres são vistas como cidadãs de segunda categoria numa sociedade que se considera moderna e livre de preconceito, as cobranças sociais são normais e essa sobrecarga de funções não é notada pelos familiares que muitas vezes nem percebem quando ela esboça uma queixa ou uma lamentação, afinal desde o início dos tempos é a mulher que se encarrega dessas funções com naturalidade como se fizesse parte da sua existência. Talvez pela primeira vez, por conta de um tema tão sério a ser debatido e que fez parte de um exame de nível nacional, alguns jovens puderam perceber a sobrecarga de tarefas que essa mulher, mãe, esposa, filha e avó carregam diariamente e estenderam um olhar mais compreensivo, amoroso e até passaram a auxiliar nas tarefas, por ter entendido quanto é desgastante ser mulher em nossa sociedade...