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Jornal Diário de Suzano - 05/05/2024
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Coluna

O cerol nas pipas é um cortante que mata

29 julho 2022 - 05h00

Quase sempre constrangidos, assistimos às competições de pipas que acontecem durante o período das férias, entre crianças, adolescentes e jovens do sexo masculino. As meninas ainda não se arriscam a fazer tais competições.
Com o futebol e o Carnaval, capoeira e samba, música sertaneja e caipira, as pipas completam o quadro da beleza do folclore brasileiro. As pipas que sobem para o alto, são lindas. Porém, os concorrentes, viciados neste jogo competitivo, em eliminar as pipas dos adversários, quase obcecados, colocam cerol no fio que as levam ao céu e na extremidade colocam muitas vezes pedacinhos de vidro para prender a outra pipa, amarrá-la e puxá-la para baixo com a satisfação de tê-la derrotado.
As pipas bailam, dançam, movidas pelo vento e se deslumbram no céu com uma rara beleza. A competição é sempre entre duas pipas agitadas por dois concorrentes que entram em campo usando ruas, praças, terraços, telhados, terrenos baldios para lançá-las no ar. A destreza dos que manobram as pipas, fará que o jogo termine com a imobilização da pipa presa.
Todo esse patriotismo em ser melhores no futebol, no samba, na capoeira e nos jogos das pipas, vem ruindo ao olharmos espantados a realidade brasileira.
As favelas crescem e tornam-se mais violentas, incubadoras da criminalidade. 
Aumenta a violência urbana. Como se isso não bastasse, também o jogo das pipas mata pedestres, bicicletistas e motoqueiros, fere e deixa cortes nos motoristas que dirigem com o braço fora da janela do carro. O perigo está no cerol, que é uma graxa, massa de cera, pez e sebo, empregados para tornar mais resistentes as linhas, usadas também para costurar sola de calçado ou para conservar o coro e dar-lhe mais brilho.
Quando a pipa se aproxima do pedestre ou dos motoqueiros e eles não percebem a presença da linha, esta pode lhes ferir e cortar a garganta. Por isso se aconselha sobretudo a quem viaja de moto, usar uma antena na frente que fique mais alta do que a cabeça. l
Sei que é celebrar a vida, quando duas crianças jogam com as pipas que passam a ser sinais de vida e de beleza, porém, sem a triste realidade de ferir ou matar pessoas. Quase todos os dias vejo soltar pipas no ar e me surpreende a paixão e a destreza com a qual os jogadores procuram vencer as pequenas batalhas. Porém, para vencer as frustrações, os desacertos, as mágoas, as dores do passado e do presente é necessário abastecer-se com a verdadeira seiva de vida, com o carinho, a confiança, a ternura e com o bem-estar, a segurança, a saúde e a educação