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Jornal Diário de Suzano - 04/05/2024
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Coluna

O retorno do Rei Morno nas festas de Carnaval

17 fevereiro 2023 - 05h00

Comemoramos neste final de semana até terça feira próxima as festas de Carnaval. Muitos irão viajar e uma grande multidão irá desfilar no Carnaval de rua ou nas Escolas que estão prestes a entrar nos sambódromos com seus carros alegóricos. Há quem passará o final de semana em festas, boates, farras e eventos carnavalescos. Há quem ficará em casa até que passe o brilho instantâneo do mundo carnavalesco deixando seu coração palpitar perante o belo e o verdadeiro sentido do amor, para com a família e para com quem tem fome e vive na miséria, no desemprego e no abandono.
De fato, o mapa das avenidas não mostra o mapa da vida dos brasileiros, não mostra o mapa de uma sociedade que sofre pelo poder corrupto de sempre. O barulho dos tambores e tamborins, cobre o grito dos excluídos, dos que vivem sem casa, sem teto, sem recursos, sem água.
O Brasil para de vez. O carnaval acaba apagando a memória das injustiças, da violência, dos discursos mentirosos e da corrupção.
O Brasil inteiro assiste e sabe que o grito de carnaval sai do coração ferido dos que clamam pela vida, pela igualdade, pela justiça. Talvez, o carnaval seja próprio uma válvula de escape para o povo, a causa das desigualdades e injustiças sociais que geram uma vida amarga e sofrida. Com certeza não vai ser o carnaval a fazer renascer a esperança da vida, da comida sobre a mesa, do prato saboroso, da fartura de uma terra tão linda, fértil e generosa. Precisa relativizar tudo o que é passageiro, tudo o que existe apenas por um breve momento e entregar-se a algo que é duradouro, a algo que continuará para sempre. Precisa saber amar e estender as mãos aos necessitados.
Se alguém foge dos desafios, fica de braços cruzados, de boca fechada, de cabeça vazia, surdo aos apelos gritantes do povo que sofre, é um covarde. 
O povo convocado para se divertir no Carnaval, quase se desculpa por tanta alegria, diante de uma pátria aflita e sofrida que forja imagens e cores, carícias e amores, danças e cantos, para amenizar o que o mundo vê, lê e sabe sobre o Brasil. O carnaval e o futebol batem no coração do povo, quase representam o desabafo do pobre, que apesar do sofrimento, não perde o jeito de ser feliz.
As festas do Carnaval não deveriam imobilizar o País. Já ouvi dizer; " o brasileiro inicia a trabalhar depois do Carnaval". Não sou contra o Carnaval. Porém, se o Brasil é um Pais treinado para manter uma estrutura tão complexa e única no mundo, porque não adquire também a capacidade de montar uma estrutura para tanta gente desempregada e que passa fome, que está por aí, sem espaço nem moradia, sem trabalho, explorada e usada. Catadores de lixo, mendigos, desempregados, meninos(as) de rua, migrantes, refugiados, sem teto, são alguns dos "sobrantes" que muitas cidades exibem, mas que estão nas bordas do abismo sem conseguir salvá-los?
Tudo espanta, tudo surpreende, sobretudo o fato que o povo aguenta a barra de cada dia e faz brilhar também o seu coração cheio de alegria.