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Jornal Diário de Suzano - 01/05/2024
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Coluna

Relação hospital, paciente e família

22 janeiro 2021 - 05h00
Vivemos tempos de grande lotação de pacientes nos hospitais. Verificamos, entristecidos, que há ainda muitos casos de contaminados pelo Coronavirus e ao mesmo tempo assistimos ao distanciamento dos familiares, impedidos de visitar os pacientes nas UTIs ou nos quartos, ficando angustiados por não vê-los ao longo de algumas semanas. Cada vez, está mais difícil receber notícias sobre a saúde dos pacientes hospitalizados. Há várias tentativas, durante o dia ou durante a semana por parte dos familiares em se comunicar apenas pelo telefone com o hospital, visto que são barrados na visita e impedidos de entrar. No balcão da recepção há uma tensão entre os funcionários que se apoiando nas normas do protocolo insistem para que as pessoas voltem para casa, e os parentes dos pacientes que querem de qualquer maneira, notícias de seus entes queridos.
É lamentável o fato de os familiares ficarem duas ou três semanas sem ver a pessoa internada e vice-versa. Nada mais é importante para quem está hospitalizado, do que a visita dos parentes ou pelo menos de uma pessoa mais próxima e devidamente adotando as normas de proteção.
Nada substitui uma internação humanizada e familiar, a começar pela recepção, até a pratica da medicina que não pode se limitar a exames e diagnósticos e a número de leitos.
A recuperação dos pacientes sem a visita dos familiares durante três ou quatro semanas, faz com que os pacientes caiam na angústia ou num delírio hospitalar, perdendo o controle emocional ao se deparar apenas com enfermeiros e profissionais de medicina que não podem ficar muito tempo ao lado dos que assistem, para ouvir suas queixas, e averiguar seus anseios e desejos.
Precisa repensar, em tempos de grande avanço tecnológico, que haja uma maneira de o doente ver e conversar com seus familiares por meio de um vídeo, para confiar mais no tratamento e na recuperação e sentir-se mais aliviado, aceitando com maior tranquilidade o tempo da internação. Em alguns hospitais da rede privada, os enfermeiros fornecem tablets para os doentes e para os familiares se comunicarem.
Os parentes mais próximos são pressionados por todos os lados, e mais ainda por aqueles que querem notícias sobre o estado de saúde dos pacientes hospitalizados, se estão evoluindo para melhor ou o para pior. A insegurança do acamado, o desanimo por estar isolado, longe de seus entes queridos, trazem consequências por vezes desastrosas.
Ou seja, além de termos, hoje o pior cenário hospitalar que o pais já conheceu no sistema da saúde pública, pela falta de equipamentos, pelas filas intermináveis dos que procuram o Posto de Saúde, a Unidade de Pronto Atendimento e o SUS, a medicina não pode levar a bom termo o tratamento se o paciente sofre pela carência afetiva.
A internação, o tratamento, a medicina devem ter uma conotação plenamente humana, estabelecendo com cada um dos pacientes uma convivência familiar, diminuindo assim da melhor forma, a ausência dos parentes. O profissional da saúde não pode ter a cara de um estranho avaliando um outro estranho. Dessa forma, comprometeria o resultado do tratamento e a eficácia da terapia.
A medicina exige um tratamento humano praticado por humanos para seres humanos.