sábado 04 de maio de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 04/05/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

Cidade Planejada

18 novembro 2023 - 05h00

Chegando bem mais próximo dos meus oitenta anos já fui questionado porquê continuava em Suzano. Como já disse em vários poemas, esta é a minha Cidade. Nesses cinquenta e tal anos ela me conquistou. Minhas lutas por benefícios que ela merecia me fez agarrar mais, prender-me neste chão.
Desde lá no início dos anos de 1970 aqui fui tentando estabelecer condições para que as pessoas que aqui se alojavam, assumissem uma mesma luta em favor do desenvolvimento da amada Vila. Aqui chegando fui tentar saber como ela foi se instalando. No final dos anos de 1980 já tinha um bom material, mas magoava-me saber que nenhum livro havia sido publicado sobre a sua História até então. Foi quando tive o apoio de Famílias tradicionais, amigos pessoais e apoios materiais. Foi com a vontade pessoal do querido Carlos Spada que decidiu publicar o primeiro livro de História da Cidade, o amado “Suzano Estrada Real”, mas só mesmo impresso em 1994. S egui como modelo literário o “Guia de Ouro Preto”, de Manuel Bandeira, não queria fazer um livro sisudo, mas algo que atraísse os leitores. Está hoje esgotado, o que é natural, escrevi outros após ele. O lançamento do nosso primeiro livro sobre a amada Cidade teve uma noite esplendorosa. Autografei cerca de quatrocentos exemplares, algo imenso. Depois tivemos em alguns eventos mais autógrafos, claro. O que nos indica que se tratava na ocasião de uma imensa necessidade da nossa sociedade. Verdade, comemoraremos no ano que vem esses trinta anos da bela publicação?
Lutei por mais tempo ainda para tornar obrigatório o ensino da história local de Suzano. Consegui que a Câmara Municipal aprovasse um Decreto legislativo impondo essa decisão. Mas nunca foi cumprida. Se só havia o que escrevi, alguns talvez não apreciassem essa “minha hipervalorização”, como uma vez me disseram. Mas pense bem, a criança tem a sua identidade inicialmente com papai e mamãe, seus irmãozinhos, parentes, vizinhos, depois com os colegas de escola e mais gente do bairro e da cidade. Saber sobre esse lado de sua vida ajuda muito. Ela identifica o seu canto e ao ir crescendo vai defendê-lo, protegê-lo dos vândalos. & nbsp;
A nossa Vila nasceu lá no Baruel, nome adquirido na segunda metade do século XVIII, de um famoso proprietário rico ali instalado. A Vila cresceu muito. A expectativa era da estrada São Paulo–Rio de Janeiro passar por lá, vinculada a ferrovia Santos-Jundiaí, do Barão de Mauá. Mas os ingleses ganharam a disputa e mudaram o roteiro, inaugurado em 1875. Então foi projetado um arruamento, a Vila da Concórdia, a primeira, e única, Cidade Planejada do Alto Tietê, o Centro de Suzano atual. Será que já não é tempo de revermos o planejamento de onde vivemos? As ruas centrais mereceriam um pequeno alargamento das calçadas? Seria possível, com permissão do plantio de árvores e cabos de energia subterrâneos? A padronização das calçadas poderia ser de cimento áspero, como fazem os franceses de Paris? Podemos repensar os estacionamentos de umas tantas ruas?