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Jornal Diário de Suzano - 04/05/2024
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Coluna

A começar em nós!

13 novembro 2022 - 05h00

Quem nunca foi injustiçado?! Quem nunca foi atingido pelas injustiças desse mundo? Quem nunca foi humilhado, ofendido, julgado, maltratado, excluído do grupo? Vivemos em um mundo em que os sistemas da sociedade como um todo funcionam de forma distorcida e injusta. Um exemplo é a má distribuição de renda no mundo. Segundo dados de 2018, mais da metade da população mundial vive com renda entre 2 e 10 dólares. No Brasil 1% dos bilionários do país já detém metade da riqueza nacional. Na questão ambiental também há injustiças. Os países ricos são os que mais poluem, e os mais pobres pagam a conta, que é muito alta. Como fazer para que o mundo funcione de forma justa, sustentável e solidária? Como fazer para que o bem coletivo seja uma realidade? O poder pode estar a serviço das injustiças, mesmo que discursos e narrativas digam o contrário. Dificilmente, deixaremos de presenciar injustiças nesse mundo! É o que o autor do livro de Eclesiastes já revelava há muitos séculos: "Então olhei de novo para toda a injustiça que existe neste mundo. Vi muitos sendo explorados e maltratados. Eles choravam, mas ninguém os ajudava. Ninguém os ajudava porque os seus perseguidores tinham o poder do seu lado". (Eclesiastes 4:1) O autor do texto está deixando claro que a injustiça domina o/no mundo, o qual é controlado pelos poderosos e opressores. Deus, no entanto, não aprova a injustiça. Então, ainda que vivamos nesse mundo de injustiças, quando estiver ao nosso alcance, devemos praticar a justiça. Estêvão é considerado o primeiro mártir do Cristianismo. Era um homem sábio, cheio de fé, muito abençoado por Deus e cheio do poder do Espírito Santo, que fazia grandes maravilhas e milagres entre o povo. (Atos 6:2-8) Mas "armaram" para ele. Alguns membros da "sinagoga dos homens livres", juntamente com outros judeus, pagaram algumas pessoas para inventar mentiras a respeito dele, incitando o povo a ficar contra ele. Foi levado ao Conselho Superior para ser julgado. É interessante que, quando os que estavam sentados na sala do Conselho Superior o olhavam firmemente, viam que o rosto dele parecia o rosto de um anjo. (Atos 6:15) Não havia ódio no rosto de Estêvão. O rosto dele revelava a presença de Deus. Estêvão era verdadeiramente um homem de Deus. A nossa fome e sede de justiça não podem ser saciadas com ódio e violência. Embora um cristão não deva aceitar a injustiça passivamente, as suas armas não são as mesmas que as do mundo. Estêvão faz um grande discurso, passando por toda a história do povo hebreu, mostrando como ao longo dos acontecimentos Deus havia-se revelado e manifestado a eles; no entanto, ainda assim, continuavam com o coração duro, com os ouvidos surdos para ouvir a mensagem de Deus. Perseguiram os profetas, rejeitaram o Messias. Depois de ouvirem o discurso de Estêvão, os membros do Conselho ficaram ainda mais furiosos e rangeram os dentes contra ele. Estavam cheios de ódio. Nesse momento, Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou firmemente para o céu e viu a glória de Deus. Eles taparam os ouvidos e avançaram todos contra Estêvão. Em seguida, o jogaram para fora da cidade e o apedrejaram, enquanto ele dizia: - "Senhor Jesus, recebe o meu espírito". Quando enfrentamos maus-tratos, humilhações e injustiças, podemos escolher retribuir com a mesma moeda, ou fazer como Estêvão, mostrando a presença de Deus. Ao cristão compete praticar a justiça, com a ajuda do Espírito Santo, ainda que isso lhe custe! Mas só Deus é perfeitamente justo! Jesus entendia e praticava a justiça de uma forma bem diferente daquela dos religiosos de sua época. A meritocracia não tinha lugar. Aqueles que no senso comum não mereciam nada, mas reconheciam a sua condição com humildade, esses eram os que recebiam. Na parábola dos trabalhadores da vinha, os trabalhadores que trabalharam mais horas receberam o denário estipulado pelo proprietário da vinha; contudo, ao verem o tratamento tão generoso que receberam os últimos contratados, sentiram-se no direito de exigir mais. (Mateus 20:1-16) Em outra parábola, o pensamento do irmão do filho pródigo é revelador - "esse meu irmão gastou o dinheiro do meu pai, não o valorizou, aprontou todas, e agora é recebido por meu pai com festa?! Como assim? Isso não é justo! Eu sempre fui fiel ao meu pai; portanto, mereço reconhecimento". (Lucas 15:11-32) Assim, funciona o nosso mundo. Mas Jesus está falando de outro tipo de justiça - a justiça da graça. Na contramão de tudo o que os escribas e fariseus ensinavam, na contramão do que podemos pensar, Jesus deixa uma grande lição - não existe justiça sem amor, bondade e compaixão.